Sob direção de Thomas Vinterberg, o protagonista de Mikkelsen testa os limites.
Abordar o tema do álcool na ficção nem sempre dá certo, principalmente porque se tende a cair em mensagens bastante fáceis de superação que, de tão genéricas, acabam sendo pouco úteis. Especialmente em uma sociedade onde a presença dessas bebidas é tão normalizada, principalmente quando há uma celebração ou uma reunião especial.
É algo que o filme Druk - Mais uma Rodada decide testar com muito interesse, sendo um dos melhores dos últimos anos. Thomas Vinterberg ganhou o Oscar de melhor filme internacional com esta interessante tragicomédia com um excelente Mads Mikkelsen, que você encontra no catálogo da Netflix.
Martin, um professor do ensino médio, junto com outros três colegas de profissão, decide realizar um experimento que consiste em manter um nível constante de álcool no sangue durante todo o dia. Desta forma, pretendem demonstrar que sob a influência do álcool são capazes de melhorar em todos os aspectos de suas vidas, tornando-se mais corajosos e criativos.
No entanto, embora no início pareça que os resultados são muito positivos, à medida que o experimento avança, começa a descarrilar, tendo menos controle do que assumiam que manteriam no início. O inocente experimento acaba trazendo consequências que mudarão suas vidas para sempre.
Vinterberg começou a escrever esta obra com o interesse de explorar o álcool como pilar fundamental em nossa sociedade, incluindo histórias que sua própria filha lhe contava sobre a cultura etílica entre os jovens, e como seria diferente a história da humanidade se eliminássemos sua presença. O filme acabou mudando após a trágica morte acidental da filha do cineasta, que passou a buscar algo que fosse mais uma afirmação da vida.
Druk - Mais uma Rodada - A cultura do álcool
É por isso que Druk - Mais uma Rodada não cai em conclusões fáceis, embora não evite mostrar os estragos que um uso contínuo e até indiscriminado de álcool acarreta. Os encontros para beber deste grupo de personagens se tornam cômicas exibições de patetismo próprias de uma crise de meia-idade até que deixam de ser divertidas.
Ao mesmo tempo, mostra como beber se torna uma interessante maneira de nos conectarmos, tanto nos bons momentos quanto nos trágicos, e fica fabulosamente refletido graças ao bom trabalho de seus atores. Mikkelsen demonstra novamente que eleva seu próprio nível quando trabalha em sua Dinamarca natal, e deixa uma das cenas finais mais memoráveis do cinema recente.
*Conteúdo Global do AdoroCinema
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