Foi indicado a 7 Oscars, está em streaming e, 30 anos depois, continua sendo um dos melhores filmes de Woody Allen
Giovanni Rodrigues
-Redação
Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

A complexa relação entre arte e economia retratada em uma divertida joia.

Para o infortúnio de todos que apreciamos a arte como algo mais do que entretenimento, poucas coisas têm sido mais exasperantes do que a propagação do termo "conteúdo" para se referir a tudo e, em última instância, reduzir tudo a consumo. Mas para que negar, algumas disciplinas artísticas sempre tiveram que lidar com a contradição de ter que operar dentro de interesses de mercado.

Os filmes, por exemplo, são caros de fazer, e você precisa de dinheiro de qualquer maneira para realizá-los. E quando você precisa do dinheiro de outros, precisa considerar seus interesses, mesmo que com um custo criativo. Mover-se bem entre esses fios pode ser a verdadeira diferença entre sonhadores iludidos e gênios. Uma tensão que pulsa em um filme como Tiros na Broadway.

A máfia se senta na poltrona

Um dos melhores filmes de Woody Allen, que agora completa 30 anos de seu lançamento, oferece um olhar divertido sobre a criação através dos anos 20, o teatro e a máfia. John Cusack e Dianne Wiest protagonizam esta aclamada comédia criminal que foi na época indicada a 7 Oscars (com Wiest ganhando na categoria de coadjuvante), e que hoje pode ser vista no Prime Video.

O ainda ingênuo David Shayne, um autor teatral de tendências esquerdistas e que acredita na responsabilidade social de sua obra em um momento de especial crise, não para de se chocar com o fracasso. Até que um dia consegue financiamento para uma de suas peças graças a um produtor que também é um gângster. Consequentemente, ele tem que aceitar condições como dar um papel protagonista à namorada do mafioso e até aceitar notas de um de seus capangas, que atua como guarda-costas.

Allen volta a mostrar sua habilidade em tornar seus relatos extremamente pessoais e borrar os limites entre ficção e realidade, mesmo quando ele próprio não protagoniza os filmes. Não é preciso pensar muito nas conexões particulares que ele pode sentir com um artista se dobrando a interesses alheios para que sua obra veja a luz. E para completar a ironia, o filme é produzido pela Miramax de Harvey Weinstein, tornando duplamente grande o sapo a engolir.

Tiros na Broadway: o divertido do crime

Os dilemas relatados aqui também são frequentes em sua obra, com o exemplo de Crimes e Pecados como outro exemplo destacado onde seu personagem deve realizar um documentário a contragosto e acaba envolvido em um complô criminal. Aqui, no entanto, ele opta por um tom muito mais cômico e, finalmente, mais elaborado e soberbo.

Com referências que respiram pura história do cinema, seu estilo particular ainda perfeitamente azeitado e aqui deliberadamente contido em seu intelectualismo, Tiros na Broadway tem o melhor do puro divertimento e conta com nuances das mais astutas que estão lá para quem quiser colher.

*Conteúdo Global do AdoroCinema

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