“Odiei esse roteiro, todos nós odiamos”: A sequência desse famoso filme de fantasia foi um desastre tão grande que o diretor tentou tirar seu nome do poster
Giovanni Rodrigues
-Redação
Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

Highlander II, lançado em 1990, foi um desastre absoluto. Até mesmo seu diretor quis jogar a toalha...

Independentemente de um filme atingir o topo das bilheterias ou cair nos cinemas, seu destino nem sempre é determinado pelo seu desempenho nos cinemas após o lançamento. Seu destino também pode ser decidido durante dois estágios preliminares, que não são menos importantes.

A primeira são as exibições de teste. Momento de legítimo estresse para o estúdio e para a equipe do filme, liderada pelo diretor, as exibições de teste também podem se transformar em pesadelos e desastres; exemplos disso não faltam.

Isso leva a momentos famosos de tensão com o diretor, que às vezes é destituído de seu trabalho; cortes impostos ou feitos pelas costas; uma visão artística completamente reduzida, resultando em um trabalho totalmente distorcido. E, às vezes, no final, há uma pesada penalidade financeira na forma de um grande fracasso de bilheteria.

A outra é a (pré) estreia de filmes. Elas deveriam ser, pelo menos no papel, momentos de comemoração, quando a equipe do filme, liderada pelo diretor, revela sua visão artística ao público, uma visão às vezes conquistada a duras penas.

Mas esses momentos nem sempre são sequências pacíficas. Eles podem se tornar absolutamente desastrosos, a ponto de prejudicar seriamente a carreira de um filme nos cinemas...

“se eu fosse participar desse filme idiota, poderia me divertir um pouco e fazer um estardalhaço”

Highlander, o Guerreiro Imortal, lançado em 1986, foi quase concebido como um enorme clipe de duas horas da MTV com a música do Queen, que envelheceu bastante (o filme, não a música). Ele trouxe fama internacional ao diretor australiano Russell Mulcahy. Quatro anos mais tarde, a sequência das (des)aventuras desses guerreiros imortais, interpretados por Christophe Lambert e Sean Connery, parece ter deixado as pessoas infelizes...

"Eu odiei aquele roteiro. Todos nós o odiamos. Eu, Sean, Chris, só fizemos pelo dinheiro. O filme parece ter sido escrito por um garoto de 13 anos. Mas eu nunca havia interpretado um guerreiro bárbaro antes e foi um dos meus primeiros grandes papéis como vilão. Pensei que, se eu fosse participar desse filme idiota, poderia me divertir um pouco e fazer um estardalhaço", contou gentilmente, anos depois, o ator Michael Ironside, que interpreta um personagem chamado General Katana no filme.

Ele acrescentou: "Todas aquelas reviravoltas, grunhidos e piscadelas na tela, fui eu quem decidiu que, se eu fosse participar de uma m*rda, como esse filme, eu seria a coisa mais memorável nele, e acho que consegui".

Uma filmagem infernal para Mulcahy

O filme foi atormentado por um roteiro que teve de ser reescrito várias vezes, filmagens muito problemáticas e problemas financeiros na Argentina que forçaram a seguradora a retomar o controle criativo do filme, Christophe Lambert perdendo seus honorários em investimentos ruins, Sean Connery recebendo seu cheque para filmar por uma semana e uma edição infernal... Dizer que Highlander II - A Ressurreição foi um desastre e um naufrágio total seria um eufemismo.

Tanto que Mulcahy tentou remover seu nome dos créditos do filme, mas foi recusado. O motivo? Ele não era membro do Directors Guild of America. Como resultado, ele não conseguiu forçar a companhia de seguros que o privou do filme a remover seu nome do pôster...

O golpe final em um filme que já estava seriamente prejudicado veio na pré-estreia. O público também não gostou dos truques cinematográficos. Quanto a Mulcahy, ele deixou a exibição de seu próprio filme após 15 minutos, para nunca mais aparecer. Christophe Lambert ameaçou fazer o mesmo.

Alguns anos depois, Mulcahy tirou o melhor proveito de uma situação ruim: foi convidado a voltar à mesa de edição para entregar uma versão do diretor, chamada Highlander II - Renegade Version. Ele também chamou alguns dos atores do filme para filmar cenas adicionais e redobrar as antigas. Embora o resultado seja, sem dúvida, melhor do que a primeira versão do filme lançada em 1991, também não o torna um filme memorável...

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