Críticas AdoroCinema
3,5
Bom
A Place of Rage

Parte da História sob o ponto de vista feminino

por Barbara Demerov

Dirigido por Pratibha Parmar em formato televisivo no final do século XX, A Place of Rage traça um olhar de homenagem, sem pesar muito, e das muitas lembranças sobre o papel de mulheres negras com relação aos seus direitos civis. Afinal, eles se estenderam para moldar o feminismo na sociedade como um todo. Mantendo-se atual principalmente por conta dos depoimentos apresentados, compostos por Angela Davis e June Jordan, o documentário dá um panorama da história das mulheres afro-americanas que mais marcaram (e mudaram) suas próprias realidades.

Grandes ativistas dos direitos humanos, Davis e Jordan montam a narração do filme com suas experiências e conhecimentos, cujo enredo é composto por suas memórias com relação à truculência policial e o machismo (além da homofobia, que se unia a todos os outros preconceitos). Fora isso, as duas mulheres comentam a importância da presença de Rosa Parks e Fannie Hamer, líderes do movimento civil de direitos humanos entre as décadas de 50 e 60. 

Ao unir estes pontos entre passado e presente (no caso, nos anos 90), Parmar consegue inserir um nível de humanidade ainda maior do que o já é conhecido àquelas figuras. Seja pela importância das primeiras líderes dos movimentos de igualdade ou pela presença do Partido dos Panteras Negras, que atuou nos EUA até os anos 80, A Place of Rage ainda insere o peso que todas as ações teve em gerações futuras. Um exemplo dado é como o uso de drogas provenientes de uma repressão sem fim foram utilizados ainda mais contra a própria imagem dos negros.

A presença de Alice Walker (autora do livro A Cor Púrpura, posteriormente transformado em filme) no documentário o fortalece ainda mais, assim como o uso de de músicas de Prince, Janet Jackson e Staple Singers. Em suma, A Place of Rage fala sobre atitudes estabelecidas para transformar o cenário social americano e também sobre o peso sob elas - que ainda ecoam na sociedade atual que permanece na busca intensa de conseguir o que era para ser o mínimo: igualdade, pura e simples.

Por mais que sua duração não seja tão longa (52 minutos, feitos exatamente para se enquadrar na programação televisiva da época e atingir um grande número de pessoas), a diretora consegue explicitar bem o papel da mulher em questões que, por muito tempo, eram vistas como exclusivamente masculinas. Suas vozes são utilizadas para definir boa parte do que foi o movimento dos direitos civis dos negros e fazem um ótimo trabalho ao elucidar tanto conteúdo.

Filme visto no 26º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, em novembro de 2018.