Aquilo que se espera
por Lucas SalgadoMegatubarão é filme difícil de se escrever sobre. É comum ver por aí recomendações do tipo: "este é um longa em que a pessoa deve desligar o cérebro para assistir." Não creio que isso faça sentido, pois mesmo obras puramente voltadas para o entretenimento também podem ser melhor trabalhadas. Mas não há dúvida que existem produções que devem ser abordadas de forma diferente.
O que esperar de um filme com Jason Statham enfrentando um tubarão gigante pré-histórico? Definitivamente, não é o mesmo que esperamos do novo trabalho de um cineasta cultuado. Diante disso, cabe destacar: Megatubarão é exatamente a obra ridícula que todos estavam esperando. Para o bem e para o mal. Não chega a ser trash como um Sharknado da vida, sendo de fato uma produção bem trabalhada, com ação envolvente e bons efeitos especiais.
Statham vive Jonas Taylor, um mergulhador especializado em resgates em águas profundas. Após um resgate que acaba com vítimas, ele acaba desacreditado e isolado do mundo. Quando uma nova estação submarina de pesquisas científicas vê parte de seu time preso na parte mais funda do oceano após uma expedição ser atacada por uma criatura misteriosa, Jonas é chamado para o resgate. E acaba descobrindo que está diante de um animal pré-histórico que se achava estar extinto, um tubarão de mais de 20 metros de comprimento, o Megalodon.
A partir daí, Jonas e o time de cientistas tentam achar uma forma de enfrentar a gigantesca criatura e impedí-la de deixar um rastro de sangue pelos oceanos.
O longa segue aquela estrutura usada em quase todo filme de tubarão desde o clássico de Steven Spielberg, que é esconder ao máximo o animal, criando um estado de suspense e tensão. Aqui, no entanto, a opção parece que foi alongada um pouco demais, pois quem vai assistir à uma obra como esta, quer mais ver o monstro o mais rápido possível. No final das contas, o que tivemos foi um primeiro ato bem inferior ao restante. É claro que é natural que o clima vá sendo construído aos poucos, mas o que vimos aqui foi uma sucessão de cenas e diálogos constrangedores, com várias tentativas de humor que não chegam nem a deixar um sorriso no rosto.
Com a chegada do segundo ato, as coisas melhoram de forma significativa e começamos a receber aquele filme de tubarão gigante que esperávamos. Isso ocorre justamente com a entrada em cena do Tubarão e, com mais ênfase, de Jason Statham. O ator compensa a tradicional falta de expressão com o carisma de sempre, além da postura de quem realmente poderia enfrentar um tubarão.
O elenco conta ainda com as participações de Bingbing Li, Rainn Wilson, Cliff Curtis, Winston Chao, Page Kennedy e Ruby Rose. Como acontece em obras do tipo, são todos personagens bem caricatos. Bingbing é o potencial pretendente amoroso, Wilson é o alívio cômico (embora nem de perto de seu personagem de The Office) e Kennedy surge para brincar com os esteriótipos de negros em filmes de monstros apenas para cair nos mesmos problemas.
The Meg (no original) não é tão divertido como poderia ser, mas também não é tão tosco. No final das contas, é exatamente aquilo que você espera.