UM BOM RETORNO NO PRESENTE
por Roberto CunhaAlguns filmes ficam para sempre na cabeça de quem vivenciou o momento de sua estreia. O Exterminador do Futuro é um marco na história do cinema, tendo como marca registrada, por exemplo, diversas imagens e bordões.
Para os fãs mais radicais, a novidade pode desagradar. Enquanto isso, o espectador comum vai curtir cada milímetro de película de O Exterminador do Futuro - A Salvação. E é importante ressaltar que uma sala com bom sistema de som fará muita diferença. Se puder assistir numa com o sistema THX, de George Lucas, as cadeiras chegam a tremer.
A abertura é clássica com a música tema, abrindo espaço para os créditos da equipe se sobrepondo ao título do filme. Algo pouco usual já que as produções atuais adotaram o padrão dos filmes de 007 com sequências de ação antes de tudo. A história começa em 2003, abordando um tema importante que é a doação de órgãos e, detalhe, antes de uma execução de pena de morte.
A história pula para 2018, mas situa o espectador (através de legendas) sobre a saga de John Connor contra os exterminadores. Na trama, a SkyNet e a resistência buscam, em lados opostos, uma maneira finalizar o conflito entre as espécies. Para isso, os humanos precisam pôr em prática um ousado plano de destruição das máquinas e Connor (Christian Bale) é um importante aliado.
A fotografia abusa do visual apocalíptico, com tons acinzentados para denotar a desolação. E os roteiristas e o diretor McG (As Panteras) deixam claro que beberam em fontes seguras. Não bastasse a parceria com George Lucas nos efeitos especiais e sonoros, o longa escancara suas referências de Star Wars como numa sequência, entre outras, de perseguição aérea através de um desfiladeiro. E também evidencia Mad Max em cenas com veículos modificados e uma de Connor observando o inimigo do alto de um penhasco. Puro Mad Max 2.
Mas nada disso é problema. O filme anda para frente. Só não busque muitas explicações para não exterminar sua diversão. Porque são muitas as licenças poéticas. O que dizer, por exemplo, de John Connor abordar um submarino submerso a nado?!
Da série "coisas que não dão para entender" registra-se o fato de como os seres humanos adquiriram poder de não se machucar ao sacudirem para lá e para cá, nas mãos de um gigante de ferro ou dentro de celas em naves espaciais. Algo que pode incomodar os mais exigentes é a pieguice no roteiro. Com frases surradas como "todo mundo merece uma segunda chance" ou "quem sou eu?", o texto explora mal o eterno conflito homem X máquina, bem presente em filmes tão distantes como Tempos Modernos ou 2001 - Uma Odisséia no Espaço, e fonte de boas inquietações e argumentos.
Entre as cenas tradicionais, figuram as pisadas sobre crânios humanos ou de um T-800, e um saudoso "I'll be back" dito (infelizmente) por John Connor. O uso da imagem de Schwarzenegger é pequena - e duvidosa - tamanha é a transformação que fizeram em seu rosto.
Entre os destaques do filme, os Motoexterminadores e a sequência da ponte revelada parcialmente no trailer. Na trilha sonora, "Rooster" (Alice in Chains) e a clássica "You Could Be Mine" do Guns'n Roses, tema de O Exterminador do Futuro 2. O Exterminador do Futuro - A Salvação supera (bem) o terceiro da série. Não é definitivo como o primeiro, mas deixou uma porta bem aberta para uma nova sequência. Boa diversão e "hasta la vista, baby".