Críticas AdoroCinema
4,0
Muito bom
Twisters

Tensão e adrenalina tomam conta de Twisters, espetáculo de ação com show de carisma do Glen Powell

por Bruno Botelho dos Santos

Hollywood tem um certo fascínio por filmes sobre desastres. O Dia Depois de Amanhã, Impacto Profundo, O Dia em que a Terra Parou e 2012 são algumas produções do cinema sobre eventos ou fenômenos catastróficos para a humanidade. Talvez o mais famoso deles seja Twister (1996), filme estrelado por Bill Paxton e Helen Hunt que foi um sucesso de bilheteria e se tornou um clássico dos anos 90. Quase 30 anos depois, fomos surpreendidos por uma continuação tardia: Twisters.

Em Twisters, Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones) é uma ex-caçadora de tempestade atraída de volta à ação por seu amigo Javi (Anthony Ramos) para testar um novo sistema experimental de rastreamento meteorológico. Nessa missão, ela cruza seu caminho com Tyler Owens (Glen Powell), um ícone das redes sociais que compartilha suas aventuras de caça aos tornados.

Conforme a temporada de tempestades se intensifica e acontecimentos aterrorizantes tomam conta, Kate e Tyler, que são concorrentes, se encontram em meio a uma situação nunca vista antes, colocando suas vidas em risco.

Quando foi anunciada, o próprio diretor de Twister, Jan de Bont, não ficou nada feliz com uma continuação, afirmando que o original “não pode ser feito de novo”. De certa forma, ele está certo, mas quem esperava uma bomba vai se surpreender: Twisters funciona perfeitamente como um espetáculo de ação e aventura. Ele pega a base do primeiro filme para criar uma história semelhante, mas independente e sem muitas conexões com o anterior, então não fica preso em nostalgia barata.

Twisters é um espetáculo do cinema catástrofe que não esquece o lado humano

Os efeitos especiais do filme original foram impressionantes para a época, realizados pela Industrial Light & Magic – mesma empresa responsável por Jurassic Park - Parque dos Dinossauros alguns anos antes. Levando isso em consideração, Twisters não poupou esforços e recursos para manter o nível técnico alto. Basta olhar para seu orçamento de 200 milhões de dólares – investimento totalmente perceptível nas telonas.

Somos colocados no centro da ação, com uma construção visual grandiosa e impactante das tempestades e dos tornados, que nos faz sentir toda a tensão e adrenalina. Tudo muito bem executado graças à integração perfeita entre efeitos práticos e CGI, assim como pela direção de fotografia de Dan Mindel (Star Wars: O Despertar da Força). É daqueles blockbusters que proporcionam uma experiência imersiva nas salas de cinema.

Isso sem deixar o drama humano de lado. A princípio, é inusitada a escolha de Lee Isaac Chung na direção, o mesmo responsável por Minari - Em Busca da Felicidade e Treta, mas isso se justifica totalmente na abordagem de Twisters. O roteiro de Mark L. Smith (O Regresso) se preocupa em mostrar as consequências dos tornados, o peso da destruição na vida das pessoas, especialmente pelo interior dos Estados Unidos. Então, por mais que a trama seja bem simples, tem espaço para discussões interessantes sobre o impacto das mudanças climáticas e como as corporações lucram em cima de tragédias.

Isso faz com que o filme se leve um pouco a sério demais, especialmente em comparação com a aventura escapista original. A produção também tem uma certa dificuldade em encaixar seus termos científicos sobre os tornados com naturalidade na trama.

Show de carisma do Glen Powell um ponto alto de Twisters

O papel da protagonista Kate Cooper fica com Daisy Edgar-Jones, uma personagem que sofre com trauma e uma pressão de fazer a diferença com a ciência e salvar vidas. Kate é bem estabelecida desde a cena inicial, onde vemos a tragédia com tornado que causou a morte de seus amigos e impactou sua vida para sempre.

Um dos pontos mais interessantes do original estava na relação do ex-casal de Bill Paxton e Helen Hunt e a tensão sexual entre os dois durante uma nova aventura de caçar tornados. Em Twisters, isso aparece no contraste entre os personagens de Edgar-Jones e Glen Powell. Kate é uma cientista mais séria e quer fazer tudo da maneira mais correta, enquanto Tyler é um ícone do YouTube com o objetivo de levar entretenimento para seus seguidores.

O carisma de Glen Powell é um ponto chave para o sucesso de Twisters. Desde que despontou com Top Gun: Maverick, ele vem se firmando como um verdadeiro astro de Hollywood, como fica claro em Todos Menos Você e Assassino por Acaso. Powell assume perfeitamente esse papel de cowboy carismático que, inicialmente parece babaca, mas aos poucos mostra como as aparências enganam e ele tem bom coração. O ator rouba a cena e tem uma dinâmica super divertida com Daisy Edgar-Jones.

Os demais personagens são todos funcionais nesta dinâmica das equipes que caçam tornados e podemos encontrar muitos rostos conhecidos, como Brandon Perea (Boone), Kiernan Shipka (Addy) e também o novo Superman do cinema, David Corenswet (Scott). Quem tem um papel maior é Anthony Ramos como Javi, amigo de Kate que é responsável por conseguir uma nova tecnologia de rastreamento meteorológico com um investidor suspeito, o que levanta um debate interessante sobre os interesses capitalistas na crise climática e como as corporações pretendem lucrar até mesmo na própria catástrofe.

Vale a pena assistir Twisters?

Lançado em 1996, Twister é um marco do cinema catástrofe. Por mais que Twisters não seja nada revolucionário e inovador em relação ao original, acerta em cheio ao executar perfeitamente sua proposta simples como um blockbuster de ação e aventura.

Twisters é um espetáculo empolgante em efeitos visuais, que te colocam no olho do tornado e fazem sentir toda a tensão e adrenalina das cenas de ação, mas sem nunca esquecer como o fator humano é afetado no meio de toda essa destruição. Tudo isso é comandado magistralmente pelo show de carisma do Glen Powell e sua dinâmica divertida com Daisy Edgar-Jones.