Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
Legado Explosivo

Ação com doses genéricas

por Barbara Demerov

"Honest Thief" (Ladrão Honesto), título original do novo filme protagonizado por Liam Neeson, faz muito mais sentido à história do que o que implica o título em português. É claro que há explosões, tiros e ação neste novo exemplar do cinema de ação no qual o ator conquistou ainda mais fama -- mas o novo filme com Neeson traz uma jornada um tanto diferente da qual estamos acostumados. 

Ao contrário da franquia Busca Implacável, iniciada em 2008 e responsável por alçar o ator irlandês ao posto de astro de ação, Legado Explosivo conta uma história de ação às avessas, uma vez que o protagonista já passou por seus dias áureos no crime e agora só procura por paz. Quando Tom (Neeson) encontra seu verdadeiro amor já em idade um pouco avançada, sua nova missão é se refugiar em um lar para chamar de seu e finalmente se distanciar dos roubos e fugas que o acompanharam por muitos anos.

O filme apresenta o encontro de Tom com Annie (Kate Walsh) logo em seu início, tornando este foco pessoal o fio condutor da narrativa. Aliado a isso, o diretor Mark Williams também introduz um tema divergente ao que os filmes deste mesmo gênero sempre trazem ao espectador: ao invés de acompanharmos a saga de um herói ou anti-herói em busca de justiça e vingança, em Legado Explosivo temos um anti-herói - que busca apenas por sossego - sendo perseguido por quem deveria trazer justiça.

FILME DE AÇÃO TRAZ INVERSÃO DE PAPÉIS E APRESENTA UM LIAM NEESON MAIS CONTIDO

Integrantes da própria polícia são os verdadeiros vilões do filme, mas a forma abrupta e a motivação rasa que a obra apresenta para propagar sua mensagem tornam a narrativa um tanto inconsistente, sem trazer muito impacto. Ao expor no personagem Nivena (Jai Courtney) o lado corrupto de um oficial de justiça (mas de uma forma realmente pouco justificada para trazer profundidade à história), Legado Explosivo reutiliza uma fórmula de inversão de papéis que já não impressiona tanto.

A insatisfação dos policiais com relação a dinheiro e ao dever de serem os provedores de suas famílias entra em conflito com a procura por redenção de Tom. Porém, são dois pontos muito contrastantes que não conversam entre si -- o que fomenta uma sensação de exagero, de uma narrativa irreal demais. Liam Neeson, no entanto, ainda veste perfeitamente bem a camisa deste estilo de personagem contraditório e intrigante. Seu passado ainda é um nebuloso ao espectador, mas o ator entrega boas doses dramáticas para compor suas intenções e receios.

Por outro lado, Legado Explosivo não entrega grandes sequências de ação com Neeson na linha de frente. Evidentemente por conta de sua idade (68 anos), o protagonista engata muito mais nas cenas de diálogos que crescem em tensão do que nas perseguições de carros, brigas corpo a corpo ou tiroteios. Não deixa de ser interessante o fato de a idade de Neeson acompanhá-lo no tom de sua nova aventura (o que funciona bem), mas a ausência de um antagonista mais convincente resulta em um filme sem muito brilho.