Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
Escape Room

Quebra-cabeças full size

por Barbara Demerov

É inevitável pensar em filmes como Jogos MortaisPremonição ou Vidas em Jogo ao assistir a Escape Room, mas, surpreendentemente, o filme de Adam Robitel consegue alcançar um resultado diferente através do enredo baseado no famoso jogo homônimo de puzzle: apesar de possuir a mesma atmosfera claustrofóbica que faz parte de todos os filmes citados, o longa não se encaixa tanto no gênero de horror e acaba por se encontrar muito mais na área de terror psicológico.

Em Escape Room, cada sala é um protagonista diferente e tal ferramenta é uma das maiores qualidades do longa. Os diversos desafios impostos por cada cenário é maior que qualquer um dos personagens, que se unem a fim de conquistar um prêmio de U$10,000 - pelo menos a princípio. O que antes era um simples jogo temático acaba se tornando rapidamente em um pesadelo ao vivo e a cores para o grupo, que foi selecionado para este projeto a partir de acontecimentos que os traumatizaram previamente. Diferente das salas conhecidas por serem divertidas, aqui o foco é outro: o de simplesmente aterrorizar e fazer aquelas pessoas tomarem atitudes extremas.

Tal abordagem aterrorizante raramente costuma dar errado – afinal, situações absurdas chamam a atenção do público sem muito esforço, ainda mais cinematograficamente falando. Mesmo sem sangue ou grandes sustos, o clima de Escape Room nunca deixa de intrigar pela expectativa do que virá a seguir. A construção do terror psicológico, que se encontra de frente com cada personagem de forma equilibrada, dá certa dinâmica à narrativa, pois a ideia de simplesmente ir avançando sala por sala (como costuma ser na vida real) não favorece tanto a fluência como filme. Contudo, apesar de após a terceira ou quarta sala a ação já tenha se tornado um tanto previsível, é preciso admitir que o filme não se torna completamente maçante.

Escape Room busca dar um background a cada personagem do grupo selecionado pela empresa Minos, mas não realiza em todos eles. O destaque fica para os personagens de Deborah Ann Woll como Amanda Harper, Taylor Russell como Zoey Davis e Logan Miller como Ben Miller, que ganham os holofotes devido à construção de suas respectivas histórias e de seus traumas. Mas, assim como as salas tornam-se maiores que todo o entorno do filme, os atores também não possuem brilho o suficiente para se sobressaírem a cada cenário introduzido.

Outro problema do longa é o fato de, logo em sua cena de abertura, ele já nos dar um imenso spoiler do que virá durante a projeção. Com a apresentação de um Ben completamente sozinho em uma das salas de escape, é impossível não cogitar os possíveis desdobramentos da história. Com esta escolha de já apresentar os perigos do projeto da Minos o diretor acaba prejudicando o resultado de modo geral, pois nenhum plot twist de maior valor acaba acontecendo de fato. De certa forma, já começamos o filme sabendo como ele irá terminar.

Aproveitando certos traumas das vidas daqueles personagens para causar ainda mais danos psicológicos em cada um, Escape Room garante uma atenção autêntica do início até o fim de seu segundo ato. O maior impasse, no entanto, não é a missão de passar em cada sala temática: o desfecho do longa causa incômodo por ser deliberadamente forçado e apressado, claramente fazendo o que estiver ao seu alcance para encaixar um gancho de continuação. A solução para toda a questão envolvendo os jovens com a misteriosa empresa de escape room torna-se artificial demais, como se houvesse uma pressa súbita de completar um quebra-cabeças que, com certeza, exigia mais tempo e paciência para ser concluído.