Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
Meu Malvado Favorito 4

Mesmo com delizes, Meu Malvado Favorito 4 prova que a franquia ainda tem história (e minions!) para continuar

por Nathalia Jesus

A franquia de animação mais rentável dos cinemas voltou em 2024! Após sete anos desde o terceiro filme da saga, Meu Malvado Favorito 4 traz de volta o carismático Gru em uma história que deixa inúmeras brechas para novas ramificações possíveis — caminhos que, juntos em um mesmo filme, acabam subaproveitando o potencial do enredo.

No longa-metragem, acompanhamos Gru (dublado por Steve Carell/Leandro Hassum) em outra batalha contra um vilão mais malvado do que ele: Maxime Le Mal (Will Ferrell/Jorge Lucas). O antagonista guarda rancores do passado contra o protagonista e, para piorar, Gru o envia para a prisão em meio ao seu ápice profissional e vilanesco.

Trazer sofrimento a Gru se torna uma missão pessoal para Maxime Le Mal, que decide sequestrar seu filho caçula, Gru Jr. — que, por sua vez, detesta o próprio pai. Dada a ameaça iminente, a família do nosso malvado favorito entra para um programa de proteção, todos ganham novas identidades e, agora, precisam se ajustar a uma vida normal. Esta farsa é facilmente identificada pela vizinha Poppy Prescott (Joey King/Lorena Queiroz), que tenta usá-la ao seu favor.

Enquanto isso, em algum outro momento do filme, os Minions (Pierre Coffin) passam por uma transformação científica à la Quarteto Fantástico, mas têm problemas para lidar com seus poderes e habilidades amplificadas. Muita informação para lidar, certo? É essa sensação que o filme passa, de que há algo urgente acontecendo o tempo todo, diversas novidades para dar conta.

Por mais empolgante que seja, o excesso de conflitos nos desnorteiam, principalmente quando parece que a história não está avançando para lugar nenhum.

Um mundo de possibilidades em Meu Malvado Favorito 4

Meu Malvado Favorito 4 oferece muito material para capturar nossa atenção, atiçar nossa empolgação e, quando a história está prestes a alcançar seu clímax, somos surpreendidos com um balde de água morna em nossas cabeças. As aventuras paralelas têm tudo para chegar nos mais diversos resultados, mas nada está realmente acontecendo.

Há algo muito interessante na premissa de colocar todo o núcleo de Gru para viver como uma família comum em um lugar onde ninguém os conhece. No entanto, o rendimento dessa dinâmica não é tão satisfatório quanto a proposta. Gru, Lucy (Kristen Wiig/Maria Clara Gueiros) e as três irmãs Margo (Miranda Cosgrove/Bruna Laynes), Edith (Dana Gaier/Ana Elena Bittencourt) e Agnes (Madison Polan/Pamella Rodrigues) acabam se separando por tempo suficiente para esquecermos suas novas identidades.

O verdadeiro motivo para a divisão do grupo principal também acaba sendo deixado um pouco de lado em meio a tantos acontecimentos. Maxime Le Mal e seu imponente exército de baratas recebe menos destaque do que o esperado.

Isso é uma pena, já que seu esquisito carisma, somado ao sotaque francês e ao hábito de soltar palavras estrangeiras aleatoriamente nas frases (trazendo à nossa mente figuras conhecidas em nosso contexto cultural, como Luciana Gimenez e Supla), merecia mais tempo de tela. O vilão é vendido como uma grande ameaça, mas, no fim, não tem muito espaço para mostrar isso.

Por outro lado, a inserção de personagens como a aspirante a vilã Poppy e o pequeno Gru Jr. cresce aos nossos olhos, dando um ar refrescante à história quando nos lembra novamente de como crianças espertas colocam Gru em mais apuros e situações desafiadoras do que seus maiores antagonistas. É muito divertido vê-lo lidar com uma versão mais jovem de si mesmo que o rejeita, ao mesmo tempo em que ele demonstra domínio na arte da vilania, quase como um mentor, para outra pessoa que também não o aprecia tanto.

Minions mais poderosos e atrapalhados

Não tem como falar sobre qualquer detalhe dos filmes de Meu Malvado Favorito sem mencionar as trapalhadas dos Minions. Dessa vez, eles ganharam mais força e poderes que nem os próprios conseguem lidar. Ao invés de trabalharem para Gru, quatro dos pequenos heróis do exército amarelo ganham mais independência no quarto filme da franquia.

Agora, a aparência deles os diferem dos demais, mas o modus operandi segue sendo tão característico de um Minion que é delicioso de assistir. A nova fase deles como super-heróis falhos é tão prolífica, tem tantas possibilidades, que traz a tona, mais uma vez, o excesso de enredos interessantes sendo o mais esquisito problema de Meu Malvado Favorito 4. É definitivamente um plot que poderia ser explorado em um Minions 3, mas que, no atual filme da franquia, é só mais um evento entre tantos.

Vale a pena assistir Meu Malvado Favorito 4?

Jamais deixaria de recomendar qualquer filme de Meu Malvado Favorito, talvez nem se os Minions viessem na minha casa chutar minha cachorra e minha gata — coisa que eles jamais fariam, pois são muito queridos para isso. Estamos falando de uma franquia divertidíssima, com personagens bem desenvolvidos e queridos pelo público. Então, apesar dos problemas, somos distraídos pelo o que o longa-metragem tem em comum com seus antecessores: a capacidade de nos entreter com um humor criativo e surpreendente.

O novo capítulo da história de Gru só mostra o quão fresca a franquia continua sendo, mesmo após 14 anos, com personagens cativantes e potencial para contar mais e mais novas aventuras desta grande família caótica. Tem sagas que só existem porque seus criadores continuam insistindo em empurrá-las com a barriga depois do sucesso do primeiro filme. Este não é o caso de Meu Malvado Favorito.

Mais uma vez, a bem-sucedida franquia prova que o que não falta é pano na manga. Só o conteúdo do atual longa-metragem dirigido por Chris Renaud já é o suficiente para alimentar dois filmes da linha do tempo original e ainda sobraria um pouco de história para o já amado spin-off dos Minions.