Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Uma Razão para Recomeçar

Quero ser Nicholas Sparks

por Lucas Salgado

Uma Razão para Recomeçar é um daqueles filmes que você provavelmente já viu antes. Um romance com casal perfeito um pro outro que é abalado por uma tragédia. Repleto de clichês, como cenas românticas na chuva, e atuações caricatas, o longa só oferece uma grande surpresa: o fato de não ser baseado em obra de Nicholas Sparks.

Escrito por Erin Bethea, Candice Irion, Josh Spake e Drew Waters, o filme podia facilmente ser baseado em uma história do criador de Um Amor para RecordarDiário De Uma Paixão e Querido John. Está tudo lá. Acredite, temos até cenas em um barco. Além da tradicional trama romântica de trágicas reviravoltas, é claro.

Ben (Jonathan Patrick Moore) e Ava (Erin Bethea) se conheceram aos sete anos de idade e se tornaram amigos logo de cara. Vizinhos, eles acabam desenvolvendo um relacionamento com o passar do tempo. Passam por dificuldades quando ela vai estudar em outro lugar, mas logo percebem que são feitos um para o outro. Quando pareciam prontos para aumentar a família, são abalados com o diagnóstico de que Ava possui um câncer. Eles, então, devem lutar para superar a doença.

Tudo é muito previsível e desinteressante. Além do câncer, o filme joga uma série de "desafios" e "conflitos" vazios na frente do casal, todos solucionados sem grande dificuldade. Sem criatividade para criar problemas de relacionamento reais, os roteiristas inserem brigas sobre trivialidades, como deixar a toalha na cama ou ir dormir sem apagar a luz. São questões que podem surgir numa briga de casais na vida real? É claro que sim, mas do ponto de vista cinematográfico é algo muito pobre.

"A coisa mais importante de fazer com a vida é vivê-la." Esta é apenas uma das inúmeras frases de efeito clichês oferecidas pelo roteiro. Tudo é muito superficial, e as atuações não ajudam muito. A dupla principal não revela carisma suficiente para protagonizar uma história como essa. E os coadjuvantes também não ajudam. 

James Marsters (o Spike de Buffy, a Caça-Vampiros) e Terry O'Quinn (o Locke de Lost) surgem em papéis pouco desenvolvidos e também entregam muito pouco. Mas o pior acontece com o veterano Bill Cobbs (Bird), que surge nos minutos finais com o único objetivo de viver o clássico estereótipo do sábio senhor negro que funciona de guia espiritual.

Quase nada se salva na produção. O público pode até se emocionar em alguns momentos, mas nunca é diante de algo natural. É aquele tradicional choro condicionado, proveniente de se deparar com uma situação triste ou de superação, não por criar qualquer relação com os personagens.