Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Correndo Atrás de um Pai

Todo homem precisa de uma mãe

por Taiani Mendes

O que esperar de uma comédia que começa com piada de exame de próstata em pleno 2018? Então, Correndo Atrás de um Pai de engraçado não tem quase nada. Ed HelmsOwen Wilson interpretam irmãos gêmeos completamente diferentes que embarcam numa jornada em busca do pai. Eles cresceram achando que ele havia falecido, mas descobrem graças a um episódio de Law & Order: Special Victims Unit (ok, taí um bom gracejo) que era tudo mentira. Encurralada em pleno casamento, a mãe (Glenn Close) solta um nome e os dois pegam a estrada para conhecer o suposto pai, antigo astro da NFL (Terry Bradshaw interpretando ele mesmo). Obviamente ele não é realmente o genitor, do contrário seria um curta-metragem, e a dupla dinâmica passa a estrelar um road movie daqueles em que se aprende muita coisa, só que com avião como principal meio de transporte.

Ser uma comédia incapaz de provocar risos é certamente um grande problema, mas não o principal defeito do longa-metragem de Lawrence Sher, experiente diretor de fotografia (Se Beber, Não Case!, Godzilla: King of Monsters) que estreia na direção. O roteiro de Justin Malen (A Última Ressaca do Ano) é previsível toda vida, repleto de furos e decisões questionáveis, além de ter uma bizarra virada mística na reta final. O maior merecedor de elogios é Helms, que transmite bem, de forma contida, a enorme carência de Peter. Owen Wilson interpreta seu conhecido tipo malando praiano e Glenn Close não aparece o suficiente para elevar o nível da produção, o que é lamentável, outro papel pequeno irrelevante em sua carreira.

O filme se apoia em constrangimentos tipicamente masculinos, como guerra de urina, o temor do incesto e detalhados comentários sexuais envolvendo a mãe. Paternidade, sexo e dinheiro são os grandes interesses e sendo assim é bastante curioso como o filho de Peter (Helms) é totalmente negligenciado na trama. Se ele fosse uma menina seria faria mais fácil entender o desprezo.

Ao invés de buscar o diálogo com a figura materna, os irmãos preferem ir pulando de possível pai em possível pai seguindo nomes que surgem de forma incrivelmente fácil e endereços achados sem nenhuma dificuldade. Do tipo "soltei um apelido aqui na rua, alguém ouviu e por sorte conhece o cara!". No final de tudo surge de certa forma uma explicação para tamanha simplicidade, mas, sinceramente, colocar o universo no meio chega a ser ofensivo e mais duro do que o personagem de Helms sempre tendo que explicar seu sarcasmo.

Os protagonistas são gêmeos, mas poderiam não ser, pois essa característica especial não é explorada em momento algum. Ao invés de aprofundar o relacionamento dos dois ou a história da própria família, Correndo Atrás de um Pai prefere investir numa longa sequência em que um caroneiro é transportado amarrado no banco de trás do carro da dupla e quase morre por isso. Desnecessário dizer que é um personagem negro, não é? Tão engraçado quanto Corra!...

Em retrospectiva, o fratenal Correndo Atrás de um Pai parece mais um drama familiar, bem triste até, cujas fraquezas e preconceitos são expostos nos supostos momentos bem-humorados.