Críticas AdoroCinema
1,5
Ruim
Uma Loucura de Mulher

Loucas até quando?

por Lucas Salgado

Terceiro filme com Mariana Ximenes a chegar aos cinemas apenas no primeiro semestre de 2016 (e são outros três previstos para o segundo), Uma Loucura de Mulher é mais uma comédia nacional. Mais uma em todos os sentidos, afinal é tudo, menos original. 

Mais uma vez somos jogados diante da necessidade de se repensar a presença da mulher nas comédias brasileiras. Felizmente, temos uma protagonista feminina. Mas, infelizmente, nos deparamos com os mesmos problemas de sempre: a mulher é vista como louca e temperamental que toma atitudes impensadas e leva sua vida - durante boa parte da história - de acordo com os homens. O longa se junta a obras como De Pernas pro ArOs Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou, que desperdiçam a presença de uma mulher como personagem central em tramas desinteressantes, pouco envolventes e, por vezes, até machista.

Louca, doida, maluca, loka... São inúmeras vezes que estes adjetivos são usados em Uma Loucura de Mulher, sempre para se referir às personagens femininas. Os homens podem ser traidores, corruptos, egoístas, mas jamais estão fora de seu estado mental normal.

A situação fica ainda mais ridícula diante do fato de a personagem de Ximenes ser uma mulher certinha, que se dedica a carreira do marido, que abandona seus sonhos, que acredita nos valores do casamento. Aí, determinado dia, ela não aceita um assédio sexual de um colega do marido. Nossa, muito loka mesmo!

Ximenes interpreta Lúcia, uma ex-bailarina que é casada com Gero (Bruno Garcia), um político que sonha em ganhar uma eleição para governador. Para tanto, tem como principal aliado o senador vivido por Luis Carlos Miéle, em seu último papel nas telonas. Quando Lúcia reage ao assédio do senador, o marido acaba ficando mais preocupado com a carreira do que com seu casamento e ameaça interná-la. Ela então foge para o Rio de Janeiro e acaba se reencontrando com um amor do passado.

Em um momento político conturbado do Brasil, o filme não funciona nem como sátira política. Envolve eleição para governador, um senador e parte da trama em Brasília, mas tudo é muito superficial.

Elenco pouco inspirado, personagens desinteressantes, trilha sonora irritante e cenários pouco inspirados, Uma Loucura de Mulher é uma sucessão de erros, com direito a uma perseguição de carro pra lá de ridícula - que remete a ideia de que mulher não sabe dirigir. 

Correndo o risco de ser repetitivo, é inaceitável em pleno século XXI continuarmos diante de comédias com mulheres tão estereotipadas e caricatas. A noiva do ex-casinho de Lúcia, a vizinha dela no Rio, a melhor amiga de Brasília (Miá Mello)... Todas tratadas como malucas e instáveis. 

No final das contas, a única loucura com a qual nos deparamos é o fato de ainda existir um humor deste tipo.