Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Kóblic

Nem Darín salva

por Lucas Salgado

Um dos maiores ícones do cinema latino-americano, Ricardo Darín é um dos atores mais queridos pelo público brasileiro. Um exemplo raro de ator argentino que faz tanto sucesso aqui quanto em sua terra natal. Ele tem uma presença tão forte em cena, uma personalidade tão marcante e um dom de sempre escolher projetos interessantes que seu nome se tornou quase de sinônimo de qualidade. Acontece, que, muito de vez em quando, aparece um filme que mostra que até este grande ator erra. Kóblic é um desses casos.

Passado durante o período da ditadura militar na Argentina, no final dos anos 70, o longa conta a história de Kóblic (Darín), um ex-capitão da Marinha que, abalado com acontecimentos do período, decide se esconder em uma pequena cidade do interior para tentar levar uma vida normal. No entanto, sua presença acaba chamado a atenção dos moradores da cidade, em especial do delegado, que decidirá investigar quem é aquela misteriosa pessoa que chegou no local.

A trama é bem simples e superficial, não se aprofunda nos crimes do regime e busca, de certa forma, aliviar as atitudes do protagonista. O roteiro ainda falha ao criar um romance apressado e desinteressante, além de investir numa série de subtramas que nada colaboram com a narrativa principal, como a envolvendo incesto. Fica parecendo que a única intenção do roteirista era criar uma surpresa, sem se preocupar se funcionaria com o restante da obra.

Darín está ótimo como sempre, mas nem ele é capaz de salvar um texto tão problemático e uma produção tão má desenvolvida. Inma Cuesta e Oscar Martinez também possuem boas presenças, mas são personagens completamente desinteressantes.

Trilha sonora, fotografia, montagem, figurino, direção de arte... O filme é competente em termo de produção. É muito bem feito e visualmente atraente. Mas infelizmente falta conteúdo. E muito.

Filme visto durante a cobertura do Festival do Rio, em outubro de 2016.