Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
A Escolha Perfeita 3

Vida adulta

por Francisco Russo

Lançado diretamente em VOD no Brasil, o terceiro - e derradeiro? - capítulo da saga das Barden Bellas inicia mesclando tradição e inovação. Logo após a emblemática música-tema da Universal Pictures cantada a capela, ouvida também nos filmes anteriores, A Escolha Perfeita 3 apresenta uma rápida sequência digna de filmes de ação, com Beca (Anna Kendrick, correta) e Fat Amy (Rebel Wilson) saltando de um iate em chamas. Uma pequena ousadia que, como se percebe no decorrer do longa-metragem, serve mais para trazer algo diferente do que propriamente bem feito.

Como era de se esperar, a nova sequência se sustenta especialmente nos números musicais e no carisma de suas atrizes principais, por mais que as narrativas pessoais em torno das personagens sejam um tanto quanto preguiçosas. Já formadas, as Bellas precisam lidar com a difícil vida adulta, se esforçando em busca da profissão sonhada ou simplesmente para ganhar o suficiente para se manter. Insatisfeitas, elas se alegram com o convite para uma reunião do grupo... até descobrirem que se trata apenas de uma apresentação capitaneada pela nova geração.

O mal-estar nesta transição da adolescência para a fase adulta norteia o primeiro ato do longa-metragem e, por mais que obviamente não seja aprofundado, até entrega alguns bons momentos ao retratar os fracassos das protagonistas - especialmente Beca, lidando com os dissabores da profissão de produtora musical. Entretanto, o gancho que sustenta este novo capítulo é logo escanteado quando, num passe de mágica, surge a possibilidade de uma nova turnê. A partir de então, o filme repete os ícones da franquia: a competição entre grupos musicais - é impressionante como americano adora uma disputa, mesmo sem que haja justificativa para tanto -, os eternos comentaristas interpretados por Elizabeth Banks e John Michael Higgins com sua habitual língua ferina, algumas trapalhadas aqui e ali, o sentido de união entre as garotas. Soma-se a isto a troca dos temas envolvendo namorados pela dos pais, ou a ausência deles. É neste caminho que o filme entrega alguma novidade, referente à tal cena de ação do início.

É a partir da entrada de John Lithgow como o pai de Fat Amy que esta sequência envereda (um pouco) rumo à ação. Por mais que seja uma subtrama bem mal explicada, há o inusitado de ver Rebel Wilson estrelando boas cenas de luta, uma brincadeira muito mais interessante (e original) do que as habituais (e sem graça) tiradas desbocadas e vulgares da personagem. Outros pontos positivos são a guerra de riffs, em plena base militar, e a recriação da clássica "Freedom 90", de George Michael, cantada a capela.

Por mais que até divirta em alguns momentos, A Escolha Perfeita 3 sofre de um cansaço em torno das personagens decorrente de não ter muito aonde ir com elas. A direção de Trish Sie soa sem inspiração, ora recriando elementos já vistos na franquia ora com desleixos inaceitáveis para um filme deste porte, como sucessivos erros bobos de continuidade. Com subtramas desinteressantes, o próprio elenco dá sinais de desgaste e o filme se sustenta apenas pelas sequências musicais. Inclusive, é curioso notar como o filme indiretamente prega que tão importante quanto o canto é ter estilo no palco. Sinal dos tempos?