Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Playmobil - O Filme

Se a Lego pode, por que eu não posso?

por Rafael Aloi

Em 2014, a Lego lançou um dos melhores branded contents do cinema, Uma Aventura Lego, uma animação utilizando seus icônicos bonequinhos e diversas referências pop que culminaram em um aumento expressivo de vendas. Um grande sucesso do entretenimento para o público e comercial para uma empresa que vinha numa crescente de renovação e recuperação econômica, após quase atingir a falência quando as crianças trocaram diversões analógicas por digitais. Agora chegou a vez da alemã Playmobil tentar fazer a mesma coisa com Playmobil - O Filme, mas o resultado nas telonas não chega a ser satisfatório.

Ao contrário de Lego, a nova animação começa com atores de verdade. Somos apresentados aos irmãos Marla (Anya Taylor-Joy), que acaba de completar 18 anos, e o pequeno Charlie (Gabriel Bateman), que são grandes amigos, até que os pais deles morrem em um acidente e a mais velha precisa se tornar a adulta responsável pelo caçula. Depois de brigarem, os dois são transportados para o universo de Playmobil e é aqui que começa a lição sobre como se divertir e viver grandes aventuras também é importante. Uma moral fraca e difícil de se conectar, pois o drama vivido pela personagem é muito distante do olhar infantil e o enredo é sem graça para os mais velhos.

A trama de Playmobil - O Filme consiste em atravessar diversas “terras” que representam as principais coleções dos brinquedo, seja o velho oeste, o mundo viking, uma cidade futurista, ou um castelo de conto de fadas, mas sem criar uma verdadeira conexão com nenhum local ou personagem, pois afinal, o objetivo dos protagonistas é sair dali. Isso enfraquece todo o universo fantástico criado, cujo destino não é ser salvo de um grande mal, mas sim ser abandonado.

Playmobil - O Filme é o primeiro trabalho na direção de Lino DiSalvo, que foi chefe de animação de Frozen. A experiência dele na área faz com que a técnica da animação não deixe a desejar, mas, ao mesmo tempo, não é nada impressionante. A parte mais estranha são os números musicais, que não precisam estar ali. Excluindo a primeira, que serve para mostrar a parceria entre os dois irmãos, as músicas são completamente descartáveis em sua melodia ou função narrativa.

A grande falha da animação está em sua graça, ou melhor: a falta dela. Playmobil - O Filme sofre de uma falta de piadas, o que o torna muito fácil de se perder a atenção, e o coloca abaixo de diversas produções recentes do gênero que conquistam a todos com um humor sagaz. No fim, temos uma trama genérica, e empolgante apenas para garotos como Charlie. A impressão que fica é que o longa serve como um grande catálogo para os brinquedos que a marca pode oferecer nessa época em que todos buscam presentes para o fim do ano.