Retrato de um atleta
por Lucas SalgadoAinda são raros os filmes brasileiros sobre futebol a chegarem ao circuito comercial. A paixão brasileira pelo futebol raramente refletiu em um bom desempenho de um filme nas bilheterias. Ídolo chega às telonas sem a expectativa de ser um sucesso, mas é uma obra que tem seu valor.
Como estamos falando de algo passional, o longa corre o risco de ser considerado como um "filme para torcedores do Botafogo". Mas está longe de ser isso. É uma obra sobre um dos maiores nomes do esporte no Brasil, figura importante e lendária do futebol nacional.
É claro que os torcedores do Botafogo terão um apreço maior pela produção e deve vibrar com imagens de arquivo daquele que foi o maior time da história do clube, mas qualquer pessoa interessada em esporte irá gostar de acompanhar a história de vida de Nilton Santos, jogador conhecido como "Enciclopédia do Futebol" e considerados por muitos como o maior lateral esquerdo de todos os tempos.
O longa mostra depoimentos colhidos recentemente e muitas imagens de arquivo. As entrevistas são importantes para contextualizar a importância do atleta, mas tornam a experiência um pouco formulaica. As imagens de Nilton colhidas em uma clínica pouco antes de sua morte e uma última festa em família são interessantes, mas não funcionam muito bem narrativamente. Parece mais uma reportagem televisiva do que cinema.
Por outro lado, as imagens de arquivo da produção são excelentes, levando o espectador para a época, mergulhando-o nos bastidores de momentos importantes do esporte brasileiro, tanto vitoriosos (Copas de 58 e 62), quanto infelizes (Copas de 50 e 54).
O filme é dirigido por Ricardo Calvet e tem como principal mérito conseguir passar o caráter conciliador e acolhedor do personagem. Como ele era uma figura importante na Seleção e no Botafogo, o filme acaba sendo também um documentário sobre tais equipes.