Falta coração
por Lucas SalgadoApós ver seu A Qualquer Custo receber quatro indicações ao Oscar 2017 e se tornar uma das sensações da temporada de premiações daquele ano, o diretor David Mackenzie assinou com a Netflix para realizar seu próximo projeto: Legítimo Rei.
Filme de abertura do Festival de Toronto de 2018, o longa conta a história de Robert The Bruce, ícone da Escócia no século XIV, fundamental na luta de independência do país contra as tropas inglesas.
A trama se passa praticamente ao mesmo tempo da vista em Coração Valente. Inclusive, William Wallace é um dos personagens. Isso, por sinal, joga contra o novo filme, afinal oferece a oportunidade de uma comparação. E não há como comparar a nova irregular produção da Netflix com o clássico dirigido e estrelado por Mel Gibson.
Ainda que conte com boas cenas de batalha, a verdade é que falta alma em Legítimo Rei. Chris Pine jamais convence como Robert ou como alguém capaz de liderar uma nação. O elenco traz ainda nomes como Aaron Taylor-Johnson, Florence Pugh e Stephen Dillane, mas ninguém com grande destaque.
Excelente diretor de fotografia de filmes como Guerra ao Terror e Capitão Phillips, Barry Ackroyd até colabora para criar um visual diferenciado e tomadas de batalhas realmente especiais, mas a verdade é que o pobre roteiro não ajuda. Por sinal, o texto foi escrito por Mackenzie e outros quatro colaboradores. E são raros os roteiros escritos por cinco pessoas que vão ser coesos e bem desenvolvidos.
Outlaw King (no original) é uma obra pouco original e nada memorável. Pode entreter aqueles em busca de um filme-pipoca qualquer, mas não vai além disso. Aparentemente, queria ser um novo Coração Valente, mas acabou sendo mais um Rei Arthur da vida.
Filme visto durante o Festival de Toronto, em setembro de 2018.