Um outro olhar
por Lucas SalgadoA história de Jesus Cristo já foi retratada inúmeras vezes nas telonas. Jesus de Nazaré, Jesus Cristo Superstar, A Última Tentação de Cristo, A Paixão de Cristo... E muito mais! Agora, é a vez de Ressurreição chegar aos cinemas tentando contar a história de um ângulo um pouco diferente. Não mostra o nascimento de Cristo, crescimento, pregações ou encontros com apóstolos. Não é uma história de original.
A trama se passa no ano 33 DC e foca sua atenção, como o próprio título já diz, na ressurreição de Cristo. Após crucificá-lo, o exército romano deseja afastar qualquer ideia de que Jesus seria alguém especial ou objeto de fé. Tentando afastar os boatos de que ele iria ressuscitar em três dias, os romanos decidem vigiar seu corpo, para provar que não tem nada de especial. No entanto, ele acaba desaparecendo. Diante disso, o oficial Clavius (Joseph Fiennes) é designado a encontrar seu corpo e abafar todos aqueles que idolatram Cristo.
Só de contar uma história um pouco diferente já faz de Ressurreição uma experiência um pouco mais satisfatória. Possui problemas consideráveis, mas também tem seus méritos. E o principal é que se trata de um filme. Não se trata de um caça-níquel qualquer atrás de dinheiro de fiéis. Tem uma história e se propõe a desenvolvê-la cinematograficamente.
Conhecido pelos trabalhos em Shakespeare Apaixonado e Elizabeth, Fiennes realiza uma performance competente e com algumas boas cenas, mas não passa disso. O elenco conta ainda com as presenças de Tom Felton, Peter Firth e Maria Botto. O neozelandês Cliff Curtis (Fear The Walking Dead) interpreta Cristo. Não entrega uma atuação propriamente boa, mas é interessante a opção do filme por um ator com o tipo diferente do que geralmente o personagem é retratado, mas próximo do que seria na verdade.
Risen (no original) é um filme com bons cenários e figurinos. Ao mesmo tempo, é tudo muito simples. Não se trata de um mega-orçamento. Com isso, algumas sequências acabam sendo bem pobres se comparadas com grandes produções hollywoodianas. Já na primeira sequência, vemos uma cena de batalha. Com um exército enfrentando o outro. O problema é que, como disse, trata-se de uma obra simples. Ou seja, temos uma dúzia de pessoas para cada lado e o que era para ser um grande combate é reduzido a uma piada.
De qualquer forma, é um filme que não ofende, mas também não tenta catequisar ninguém. Conta uma história. Tudo é muito simples e o ritmo não é bom, principalmente pelos 108 minutos de duração, mas não é algo ridículo, como tem sido a grande maioria dos filmes religiosos lançados nos últimos tempos.