Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
Bata Antes de Entrar

Tortura sexy

por Lucas Salgado

Conhecido pelo trabalho em O AlbergueO Albergue - Parte IICanibais, o diretor Eli Roth é famoso pelo jeito e estilo sádicos, que atraiu a amizade de Quentin Tarantino, que produziu alguns de seus trabalhos e ainda o colocou como ator em Bastardos Inglórios. Apesar de conquistar alguns fãs do universo gore, o cineasta sempre foi criticado por criar uma espécie de subgênero do cinema de horror, que recebeu o nome de "torture porn".

A alcunha nasceu especialmente após o segundo O Albergue, em que colocou mulheres como protagonistas em situações de tortura que pareciam querer passar a ideia de que aquilo ali era quase como um fetiche. Refilmagem de Death Game (1977), Bata Antes de Entrar parece ser uma espécie de resposta do diretor aos críticos. Ele coloca mulheres em situações de força e oferece um discurso aparentemente feminista. 

O problema está justamente no "aparentemente". Sim, as mulheres ditam os acontecimentos, mas ainda assim são usadas como objeto de prazer por parte da câmera. O cineasta faz um discurso contra o machismo ao mesmo tempo em que coloca uma linda jovem vestida de colegial para seduzir o protagonista.

Keanu Reeves vive Evan, um ex-DJ que trabalha como arquiteto e vive com a esposa e os filhos. Num final de semana, a família viaja para o interior, enquanto que ele fica em casa para terminar um projeto. Durante a noite, recebe a visita de duas garotas, Genesis e Bel, que estão perdidas a caminho de uma festa. Elas pedem para usar o telefone e também por toalhas para se secarem da chuva torrencial que caia lá fora.

Aos poucos, as jovens iniciam um jogo de sedução. Evan tenta, mas não consegue resistir. Ao amanhecer no dia seguinte, ele descobre que as meninas continuam no local. E não parecem dispostas a saírem de lá. A partir daí, dão início a um jogo de tortura que promete mudar a vida do protagonista.

Ainda que Keanu sempre escorregue nas cenas mais fortes - como chora mal! -, o elenco é competente. Lorenza IzzoAna de Armas conseguem passar bem o misto de loucura e sensualidade de suas personagens. Vale destacar a participação especial de Colleen Camp, protagonista do longa original.

O filme cria bem situações de tensão, mas também investe numa série de clichês. Tudo é bastante previsível e talvez a trama corresse melhor se não se levasse tão a sério.