Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
Missão Cegonha

Quero ser cegonha

por Francisco Russo

Nem só de Pixar, DreamWorks, Illumination e Blue Sky se faz o mercado de animação na atualidade. Mundo afora, existem inúmeras produções dos mais variados países que buscam seu espaço, sem tanto investimento e estardalhaço mas também com boas ideias. Este é o caso de Missão Cegonha, coprodução entre Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Noruega que aterrissa nos cinemas brasileiros trazendo personagens carismáticos em uma história ao mesmo tempo instrutiva e que prega a igualdade.

No melhor estilo Bambi, o filme começa com o falecimento dos pais do pequenino pardal Rick, quando estava prestes a sair do ovo. Encontrado por uma cegonha, ele é criado como se fosse seu filho mas, ao crescer, não pode seguir com a família na migração para a África, devido às suas limitações físicas. Deixado para trás, ele então resolve provar que é também capaz de tal desafio e inicia uma longa jornada por conta própria, decidido a reencontrar sua família.

Por mais que a animação computadorizada não tenha a mesma qualidade do usual oferecido pelas gigantes do ramo já citadas, Missão Cegonha entrega um traço leve e colorido, feito sob medida para atrair a atenção das crianças. Entretanto, o mais interessante do filme é a forma como trabalha as características de comportamento e mesmo fisiológicas das diversas espécies de pássaros vistas em cena. Do pardal às cegonhas, passando ainda por pombos, corujas e periquitos, há uma interessante diversidade onde se ressalta as diferenças existentes entre os animais, no sentido de pontuar suas particularidades e, também, compreendê-los. Há no filme uma mensagem implícita muito clara sobre diversidade e compreensão das diferenças, refletidas na vida em sociedade. Tudo isto apresentado sem qualquer tom panfletário, mas dentro de uma lógica perfeitamente compatível aos interesses dos pequenos.

Para tanto, os diretores Toby Genkel e Reza Memari salpicam aqui e ali cenas onde o único objetivo, escancaramente, é explorar o 3D. Nem precisava tanto, já que Missão Cegonha conta com coadjuvantes divertidos que prendem a atenção, como a coruja-pigmeu Olga e o periquito Kiki. Aos adultos, há a usual (e fácil) citação a filmes icônicos - no caso, O Poderoso Chefão - e uma ótima piada envolvendo os pombos conectados, metáfora óbvia à dependência à internet existente na vida moderna. Isso sem falar na ousadia da animação em 2D, com um traço distinto do restante do longa-metragem, onde é apresentado um flashback sobre as corujas-pigmeu e nas belas panorâmicas da cidade italiana de Sanremo.

Por mais que traga exageros de vilanização - e até um certo machismo - no universo das cegonhas, Missão Cegonha é uma animação simpática que prende a atenção pelo bom ritmo fornecido pelos vários coadjuvantes, que sempre agregam novidades a uma história que, na essência, é um road movie. Divertido, capaz de agradar aos pequenos e também aos acompanhantes.