Diversão com toques de nostalgia
por Barbara DemerovAs animações de Scooby-Doo e seus filmes em live-action sempre se basearam na urgência das missões misteriosas que o grupo formado por Scooby, Salsicha, Velma, Dafne e Fred tenta solucionar. Na mais nova animação da franquia que chega diretamente ao público através do video on demand, tal "costume" visto nas histórias sai um pouco da curva – o que pode causar certa surpresa em alguns espectadores.
Porém, SCOOBY! O Filme funciona no quesito entretenimento graças ao longevo carisma do grupo que percorre casas mal assombradas e tantos outros lugares dentro da Máquina Mistério. Apesar de não apresentar um caso oficial que se apoie em fantasmas (o maior atrativo da produção), a animação prioriza a atenção na dupla Scooby e Salsicha. Desde o prólogo que conta ao espectador como os amigos se conheceram até os dois se desvencilharem do grupo original, o foco recai especialmente nesta amizade e no quanto um significa para o outro.
Tal escolha pesa para ambos os lados: no positivo, é sempre bem-vindo acompanhar as aventuras inusitadas de Salsicha e Scooby – o que abre espaço para o vilanismo de Dick Vigarista tomar conta do enredo. No negativo, isso eventualmente tira a atenção dos demais membros da equipe, que encontram como missão a recuperação da dupla perdida e, posteriormente, na aproximação com a preparada equipe de super-heróis liderada por Falcão Azul (dublado por Mark Walhberg na versão original).
ANIMAÇÃO ACERTA A NOSTALGIA ATRAVÉS DE PERSONAGENS QUERIDOS
Ou seja: SCOOBY! O Filme amplia sua gama de personagens mas acaba se esquecendo de entregar ao espectador mais da dinâmica em grupo que fez com que Scooby Doo! se transformasse no fenômeno que permanece para antigas e novas gerações. Ainda que Falcão Azul, Dinamite – O Bionicão e Dee Dee Skyes sejam personagens interessantes e boas adições no sentido de entregar mais ação à narrativa, a interação deles com Salsicha e Scooby ainda carece de mais humor. Mas é inegável sentir uma pontinha de nostalgia ao ver personagens que já fizeram parte da animação nos anos 70 e 80, quando ainda não tínhamos a extensa gama de conteúdo referente ao universo Scooby-Doo.
Talvez, caso a narrativa fosse mais dedicada à fase infantil/jovem do grupo de detetives (como acontece nos primeiros minutos do filme), SCOOBY! poderia ter sido capaz de retomar com mais facilidade a nostalgia inerente a estes personagens para além da música de abertura. É muito divertido acompanhar as versões infantis do grupo da Mistério S.A. antes da equipe ser formada, mas infelizmente isso dura um pouco menos que o esperado. Em algumas passagens que contam com mais ação do que diálogos e piadas, a sensação de saudosismo acaba ficando em segundo plano – mas a mensagem sobre amizade persiste, ganhando fôlego e um sentido mais delineado em seus momentos finais. E, falando de Scooby-Doo, é a amizade é tão importante quanto os sustos.