Críticas AdoroCinema
1,5
Ruim
Um Pouco de Caos

Estereotipado até o último fio da peruca

por Renato Hermsdorff

Ele já foi Ronald Reagan (O Mordomo da Casa Branca), o juiz Turpin na adaptação de Tim Burton para o cinema do clássico Sweeney Todd, emprestou a voz à lagarta de Alice no País das Maravilhas, participou de Duro de Matar, O Guia do Mochileiro das Galáxias e, claro, é o professor Severo Snape, da saga Harry Potter. Ah, ele também já integrou a lendária companhia de teatro britânica Royal Shakespeare Company.

Como ator, Alan Rickman tem uma carreira invejável. Como diretor, infelizmente, ainda não. É o que se deduz deste Um Pouco de Caos, em que ele retorna à função 17 anos depois de rodar seu primeiro longa-metragem como diretor, Momento de Afeto, que não teve muita visibilidade.

Rickman, inclusive, atua nesse filme, como o Rei Luís XIV, que incumbe o famoso arquiteto André Le Notre (Matthias Schoenaerts) de projetar os jardins do Palácio de Versalhes. André, por sua vez, contrata a arrojada – e introspectiva – paisagista Sabine de Barra (Kate Winslet) para auxiliá-lo. Eles se apaixonam, mas o jovem vive um casamento de fachada com a personagem de Helen McCrory (outra do universo Harry Potter); e um trauma do passado de Sabine a impede de tocar a vida amorosa.

Com um roteiro maniqueísta e situações previsíveis, o filme é estereotipado até o último fio da peruca. Tecnicamente, soa até amador – como na iluminação, artificial (quando, ao que tudo indica, não deveria).

Fora da brutalidade de Ferrugem e Osso, Schoenaerts parece desconfortável em um papel mais “elegante”. Ele mal mexe o pescoço. Já Winslet é Kate Winslet. Ela dá conta do papel, mas é ofuscada pela má qualidade geral do filme. E Stanley Tucci faz uma participação engraçada (o tal alívio cômico), como o irmão do Rei. O monarca, aliás, protagoniza a melhor cena do filme, quando Sabine o confunde com um vendedor de flores. E só. No mais, é de lamentar.

Filme visto no 39º Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2014.