Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel

Bobo

por Renato Hermsdorff

Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel tem sido “vendido” pelos realizadores da obra como um filme d´Os Trapalhões, no sentido da tentativa de recuperar a tradição da franquia de férias para a família – e sem legendas. As crianças podem até rir, mas será difícil para o papai, a mamãe e o vovô apreciarem da mesma forma o humor infantil – físico, bobo mesmo – da dupla Jorginho (Leandro Hassum) e Pedrão (Marcius Melhem), que salta agora do programa da TV Globo para a tela do cinema.

Trata-se de um projeto ambicioso de produção caprichada, recheado de cenas de lutas e referências a outros filmes – a começar pela cinematografia de Os Trapalhões, é claro, passando por Missão ImpossívelA Dama e o Vagabundo, além dos personagens O Gordo e O Magro e os de Jerry Lewis, influências da dupla. São pontos positivos do longa-metragem dirigido por Felipe Joffily (Muita Calma Nessa Hora), bem como o apoio do roteiro em situações do tipo nonsense, como na cena em que os “heróis” fogem dos bandidos cruzando um corredor de portas ao estilo Scooby-Doo.

Mas prevalecem os clichês: cenas de sexo simulado “inocentemente”; mordomo francês "afrescalhado", briga com cachorro tipo Quem Vai Ficar Com Mary?; e já já não vai mais ser possível fazer piada com a gordura de Leandro Hassum, que passou recentemente pela cirurgia de redução do estômago (e esse dia há de chegar!).

Na trama, a socialite Gracinha de Medeiros (Christine Fernandes) contrata os atrapalhados seguranças Pedrão e Jorginho para tomarem conta do anel Tatu Tatuado de Topázio, uma herança de família, enquanto o objeto fica em exposição em um museu. Acontece que a jóia é roubada por uma quadrilha de ninjas e a dupla é acusada pelo furto e tem que provar sua inocência.

Uma sinopse, até, redonda – apesar de previsível e inverossímil na execução –, que ganha tons apelativos com o surgimento de uma quadrilha de portugueses comandada por Manuel Capone (André Mattos), interessada na relíquia. Em nada o bando contribui para a fluência do roteiro (assinado por Mauro Wilson e pelo próprio Melhem). Pelo contrário: o grupo só serve para inserir uma série de piadas preconceituosas a respeito dos lusitanos (da “burrice” ao bacalhau).

No fim, Os Caras de Pau resulta explicado demais: para que as crianças ainda sem muito repertório tenham ferramentas para compreender a história, ou uma forma de subestimar a inteligência do espectador?