Mãe por acaso
por Lucas SalgadoApesar do título nacional dar a ideia de se tratar de uma comédia pastelona, Uma Juíza sem Juízo é a típica comédia francesa, com um humor bem particular e com momentos mais sérios.
A trama gira em torno de Ariane Felder (Sandrine Kiberlain), uma juíza francesa que está perto de receber uma promoção. Ela está solteira e também não está em busca de um príncipe encantado. Decidiu focar-se no trabalho e faz isso com muita dedicação, para desespero dos advogados de defesa. Ela não é chegada à festas e acaba abusando da bebida para "sobreviver" a situações mais sociais, como um festa de ano novo.
Determinado dia, Ariane descobre estar grávida. Só tem um problema: ela não tem ideia de quem pode ser o pai da criança. Após uma breve investigação, ela descobre que trata-se simplesmente de Robert Nolan (Albert Dupontel), um perigoso criminoso, suspeito de mutilar uma pessoa e comer seus olhos.
Conhecido por trabalhos como Pauline, a Detetive e O Pequeno Nicolau, Kiberlain se sai muito bem no papel de protagonista. Ela transmite a delicadeza e a sensibilidade necessária e também sabe ser dura que precisa.
Dupontel, que também dirige o longa, faz o tipo mais caricato, mas oferece boas cenas. O elenco conta ainda com as presenças de Philippe Uchan, Nicolas Marié, Christian Hecq e Laure Calamy. Isso sem falar em Jean Dujardin, que surge numa participação especial um pouco idiota, mas muito divertida. Ele vive tradutor de linguagem de sinais que faz justiça ao profissional que realizou a função no velório de Nelson Mandela.
Ainda sobre participações especiais, temos as presenças de dois cultuados cineastas em papéis inusitados: Gaspar Noé e Terry Gilliam.
Dupontel revela-se um diretor muito preocupado com a estética do filme e consegue criar algumas sequências bem interessantes, demonstrando uma preocupação com o quadro que não é tão vista em comédias. A fotografia toma algumas decisões curiosas, como utilizar o amarelo como uma espécie de cor-padrão do filme. Só era ao investir em algumas tomadas-clichê, como a que vemos uma passagem do tempo através do giro da câmera com os dois atores no meio.
9 mois ferme (no original) é uma comédia leve em vários sentidos, incluindo a duração, de apenas 82 minutos.