Monstros à solta
por Katiúscia ViannaA parceria de Milla Jovovich com o diretor Paul W.S. Anderson rendeu mais que um casamento: também gerou a franquia de filmes Resident Evil, que durou surpreendentes 14 anos nos cinemas. Agora, musa e cineasta se reúnem novamente para outra adaptação de games: Monster Hunter. Mas se a intenção é fazer uma nova saga cinematográfica, o desafio pode ser mais complicado.
A trama traz Jovovich como a tenente Artemis, líder um grupo de soldados que, durante uma missão de resgate, acabam sendo transportados para um outro mundo, através de uma tempestade com raios azuis. Só que esse novo universo é recheado de criaturas gigantes e fatais, dispostas a destruir qualquer coisa que apareça em seu caminho. Ao mesmo tempo, a protagonista conhece um sobrevivente local, Hunter (Tony Jaa), que tem experiência num ambiente tão inóspito.
Monster Hunter capricha no visual, mas falha no roteiro
Sinceramente, é até complicado escrever uma crítica de Monster Hunter, pois trata-se de um filme que não desperta tantos sentimentos no espectador. Claro, não será um grande problema se você quer ver explosões, pancadarias e monstros gigantes de CGI supostamente ameaçadores — além de não se importar em encontrar clichês no roteiro, Se você quer algo para se distrair e nada mais, fique a vontade para assistir Monster Hunter.
Porém, chega a ser triste ver como uma ideia original, amada por tantos fãs do jogo, possa ser desperdiçada em um filme blasé. E esse não é um adjetivo que queremos usar para descrever um longa de aventura, não é mesmo? A fotografia até tem alguns momentos bonitos, mas nada que surpreenda ou o diferencie de outros trabalhos de Anderson — que está mais preocupado em abalar o público com seus visuais do que com sua história.
Não existe a preocupação em aprofundar seus dois personagens principais: Artemis fica olhando de forma emocionada para um anel misterioso e Hunter tem sua própria religião, mas é só isso. Os reais protagonistas são os monstros, cujo único objetivo é matar, matar, matar... Já um questionamento que tirei do filme foi ver como o homem é um ser infantil mesmo, brigando uns com os outros, quando existem bichos gigantescos querendo comer todos os envolvidos na luta. Gente, prioridades, por favor!
Nanda Costa estrela o filme com Milla Jovovich
Por mais que seja incrível ver uma mulher forte, corajosa e batalhadora como estrela de um filme de aventura; isso não é o suficiente. Até tentam criar um laço entre Artemis e Hunter (não romântico, felizmente), mas é uma situação meio constrangedora entre os dois. Não sabemos mais nada sobre o papel de Milla Jovovich, só que ela aprende rápido como usar facões que pegam fogo. E Tony Jaa só é usado por suas grandes habilidades físicas, por mais que ainda tentem dar uns momentos de humanidade para seu Hunter.
Mas e o restante do grupo de soldados, formado por T.I., Diego Boneta, Meagan Good, Josh Helman e Jin Au-Yeung? O filme não tem o trabalho de dar tempo o suficiente para o público torcer por esses personagens. Ron Perlman surge para explicar aquilo que o roteiro não consegue traduzir em algo dinâmico. Mas, pelo menos, dá um orgulho no coração brasileiro ver Nanda Costa em uma participação especial.
Por fim, fica óbvia a intenção de começar uma nova franquia nos cinemas, tentando a todo custo deixar o público intrigado para ver mais. Porém, Monster Hunter só entrega um final insatisfatório para uma aventura sem emoção. Mas se você gostar do longa, não desanime: Hollywood está com uma mania desenfreada por remakes e sequências, tudo pode acontecer.