Críticas AdoroCinema
3,5
Bom
Noites de Reis

História de dor

por Francisco Russo

O diretor Vinicius Reis despontou com o documentário A Cobra Fumou, onde mostra um belo painel sobre como foi a expedição militar brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Desde então rodou apenas um filme, o pouquíssimo visto Praça Saens Peña, antes de realizar Noites de Reis, que rendeu a Enrique Díaz o justo prêmio de melhor ator no Festival de Brasília de 2012. Neste seu novo trabalho, o diretor apresenta uma história simples calcada principalmente nas atuações de seus protagonistas. São Bianca Byington e o próprio Diaz a alma do filme.

Tudo começa com Dora (Byington) e sua filha Júlia (Raquel Bonfante), que vivem sozinhas em uma casa localizada em Paraty, zona costeira do Rio de Janeiro. Sobre ambas pesa uma tragédia: a morte do filho, que fez com que o marido (Diaz) abandonasse a família. Em meio à inevitável dor decorrente deste fato, e sem ter o amparo esperado do marido, Dora precisa reconstruir a vida. Entretanto, por mais que se esforce o semblante carregado não esconde o peso que carrega, todo dia, para seguir em frente.

É a dor, e como lidar com ela, que dá o norte principal à história de Noites de Reis. Neste ponto chama bastante a atenção o desempenho de Bianca Byington, que compõe uma personagem sofrida e angustiada, e também da jovem Raquel Bonfante, especialmente no sentido de como uma criança lida com uma situação deste porte, onde mais absorve do que propriamente tem condições de reagir. Enrique Diaz, que surge já com cerca de um terço da trama transcorrido, representa o outro lado: aquele que foge, ao invés de enfrentá-lo.

Explorando bastante o inevitável silêncio decorrente da perda e do reencontro entre o casal principal, Noites de Reis é um filme delicado que tem bastante a dizer sobre como reagir e superar a dor. Bem dirigido e muito bem atuado, é um belo trabalho.