Rumo ao esquecimento
por Lucas SalgadoAproveitando o sucesso de Tom Hardy com Mad Max: Estrada da Fúria, Crimes Ocultos chega aos cinemas brasileiros tentando absorver um pouco do bom desempenho de seu protagonista. Os dois filmes, no entanto, não poderiam ser mais diferentes um do outro. O primeiro é inovador, eletrizante, bonito e por aí vai. O segundo é repleto de clichês de filmes de guerra, é lento e não possui elementos técnicos de destaque. Mad Max vai estar em muitas listas de melhores do ano. Se conseguir escapar da lista de piores, Crimes Ocultos vai cair diretamente no esquecimento.
Baseado em best-seller de Tom Rob Smith, o filme se passa na União Soviética de Stalin, que vive com a política de que não existem crimes na sociedade local. Quando uma criança é encontrada morta, o governo se apressa para enquadrar como acidente, para desespero do pai, que convence um de seus amigos a investigar o crime. A partir daí, nos deparamos com um caso repleto de reviravoltas, que envolve nomes importantes do governo e coloca em cheque o casamento do tal investigador, que descobre coisas que não esperava de sua esposa.
O investigador é vivido por Hardy, enquanto que a esposa é interpretada por Noomi Rapace (Os Homens que Não Amavam as Mulheres). O elenco conta ainda com nomes como Gary Oldman, Joel Kinnaman, Jason Clarke, Vincent Cassel e Charles Dance. São todos excelentes nomes, que são desperdiçados com papéis pouco profundos. Isso sem falar na opção de colocar os atores falando um inglês com um insuportável sotaque russo. Obviamente, os mesmo atores não poderiam atuar em russo, mas a opção pelo sotaque faz com que o longa pareça uma paródia de filme de espionagem.
A trama é interessante. O elenco é ótimo. E é assustador como quase nada neste filme funcione. Responsável pelo bom Protegendo o Inimigo, o sueco Daniel Espinosa decepciona na direção. Ele conduz a obra de forma quadrada e nada original. A fotografia, a trilha, a montagem... Tudo passa a sensação de que já foi visto milhões de vezes na tela grande.
Dentre os pontos positivos, destacam-se a direção de arte e os figurinos. A ambientação é realmente bem feita. Se os personagens não abrissem a boca talvez daria para acreditar que estamos diante da União Soviética stalinista.