Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Linha de Frente

Fórmula repetida

por Francisco Russo

Nos anos 1980, Stallone e Schwarzenegger estrelaram uma leva de filmes onde interpretavam personagens que eram o “exército de um homem só”. Faziam e aconteciam com os inimigos, seguindo uma lógica própria onde o herói sempre dava um jeito de escapar, por mais complicada que fosse a situação, sem se preocupar com detalhes como o grau de violência empregado. Eram filmes escapistas, alguns até divertidos, que foram perdendo força em Hollywood à medida que seus ícones envelheceram e não surgiram substitutos para este tipo de papel. Já nos anos 2000, Jason Statham veio ocupar este vácuo. Por mais que o astro da trilogia Carga Explosiva não seja carismático quanto seus antecessores, a habilidade nas cenas de luta era suficiente para fazer com que os fãs do cinema de ação voltassem a vibrar. O problema é que, tirando a trilogia que o revelou, Statham não tem feito boas escolhas para seus filmes solo. É o que acontece também com Linha de Frente.

A história gira em torno de Broker (Statham), um ex-agente da Narcóticos que trabalhou infiltrado numa operação que prendeu o líder de uma gangue de motoqueiros, que possuía um esquema de distribuição de drogas. Dois anos depois, ele deixou o emprego e deseja levar uma vida pacata ao lado da filha na cidade natal da esposa, recentemente falecida. Só que uma desavença na escola faz com que ele entre na mira de uma viciada local (Kate Bosworth, anoréxica), que pede ao irmão barra pesada (James Franco) que dê um jeito nele. Ao descobrir o passado de Broker, ele acaba entregando sua localização justamente ao líder da gangue, que está ansioso por vingança.

Apesar de ser produzido e roteirizado pelo próprio Stallone – que conhece como ninguém a fórmula de filmes neste estilo -, Linha de Frente acaba decepcionando pela quantidade de clichês presentes na história e também pela demora para que as cenas de ação aconteçam. Por mais que haja uma pequena briga aqui e ali, apenas no terço final é possível ver Jason Statham em plena forma. Ainda assim, a fotografia bastante escura acaba sendo um problema ao prejudicar a plasticidade das cenas de ação, que acabam se sustentando mais pela edição picotada e os efeitos sonoros empregados. Culpa também do diretor Gary Fleder, que exagerou na dose ao usar a escuridão da noite como ambientação.

Além das opções estéticas, que atrapalham mas não impedem que as cenas de ação sejam apreciadas, Linha de Frente ensaia uma subtrama que não se concretiza envolvendo a psicóloga interpretada por Rachelle LeFevre, possível affair de Statham, que jamais diz a que veio. Por outro lado, é bastante interessante ver James Franco interpretando um papel diferente dos que está habituado. Por mais que tenha exercido seu lado vilão em parte da trilogia Homem-Aranha, em Linha de Frente seu personagem é mais abrutalhado, típico dos antagonistas do cinema de ação.

Como um todo, Linha de Frente decepciona na medida que poderia ter uma história mais enxuta e melhor trabalhada, de forma que as sequências de ação que Statham faz tão bem fossem melhor exploradas. Trata-se de um trabalho menor dentro da carreira do próprio astro, que não tem tantos ápices assim em sua filmografia.