Um Belo Domingo: Crítica AdoroCinema

A solidão, a perda da juventude e a inquietude de tomar um rumo na vida são temas constantes do cinema francês, seja nos dramas, seja nas comédias. E não é diferente neste Um Belo Domingo, drama dirigido por Nicole Garcia, mais conhecida pelo trabalho como atriz em obras marcantes como Meu Tio da América, A Pequena Lili e A História de Marie e Julien.

Conhecido pelo trabalho na ótima série Les Revenants, Pierre Rochefort vive Baptiste, um professor substituto que não gosta de fincar raízes em nenhum lugar. De tempos em tempos, ele troca de escola e de cidade, sem olhar para trás. Em uma dessas escolas, ele acaba entrando na vida de um jovem garoto. Esquecido no colégio pelo pai, o menino é levado para casa por Baptiste. Comprovando sua negligência, o pai é obrigado a fazer uma viagem repentina e acaba deixando o garoto com o professor, que ele havia acabado de conhecer.

Convencido pelo aluno, Baptiste acaba o levando ao encontro da mãe, a jovem instável Sandra (Louise Bourgoin), que trabalha num restaurante de beira de praia no litoral francês. Ela não vê o filho há meses e luta para pagar uma dívida considerável. Baptiste vai entrando para esta família, seja pela relação com o menino, seja pelo poder de sedução da mãe. Sedução, por sinal, que não é puramente sexual, mas principalmente ideológica. Ele intende as inquietudes de Sandra, mesmo que não tenha uma total compreensão de sua situação.

Un beau dimanche (no original) é um drama simples e eficiente, que é carregado pelas grandes atuações de seus protagonistas. Rochefort, que é filho da diretora Nicole Garcia, e Bourgoin entregam performances intensas e emocionadas, que em momento algum caem no melodrama. Os veteranos Jean-Pierre Martins, Dominique Sanda e Déborah François completam o elenco da produção.

O filme sofre com uma queda de ritmo em sua segunda metade, em que confrontamos um pouco da origem do misterioso Baptiste. Por mais que seja curioso descobrir de onde surgiu aquele personagem, tudo é feito de forma muito rasa e o desfecho também é pra lá de simplório.

Garcia realizou um longa imperfeito, mas com alma. Possui uma bela trilha sonora, um roteiro com ótimos diálogos e uma fotografia que vai em busca da beleza do interior da França.