Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Um Plano Brilhante

Um plano bobo

por Renato Hermsdorff

Em Um Plano Brilhante, Richard (Pierce Brosnan), prestes a se aposentar, perde todo o dinheiro investido ao longo de uma vida, por conta de um capricho de um jovem investidor francês, que toma uma atitude “malvada”, porém legal (ou seja, possível nos termos da lei).

Sua ex-mulher, Kate (Emma Thompson), bola, então, um plano que envolve viajar para Paris, assumir a identidade de um casal estrangeiro, nadar, escalar uma colina, entrar de penetra no casamento mais aguardado pela sociedade francesa, e trocar a valiosíssima joia da noiva por uma falsa. Aí, é “só” vender o maior diamante do mundo, pagar o que é de direito aos funcionários da empresa de Richard e curtir a vida adoidado.

Eles mesmos classificam o plano como “louco, insensato, estúpido e... brilhante” (daí o título). Apoiado em uma sucessão de clichês e situações incríveis (ou seja, que não se pode acreditar), o longa de Joel Hopkins não consegue avançar além das reticências.

A apresentação já deixa claro, sem nenhuma sutileza, do que se trata: ela, apesar de ainda amorosa, está em busca de um relacionamento, para preencher o vazio da saída dos filhos de casa – com algo que não seja alcoólico; ele, apesar de ainda charmoso, está prestes a se aposentar, terminou o relacionamento com (mais) uma ninfeta e hoje o ex-James Bond tem que enfrentar problemas da idade, como dor nas costas.

Já na primeira cena, apesar de separados, nota-se que ainda há uma “faísca” entre os dois ex-amantes, com situações que envolvem o humor físico que simplesmente não é engraçado.

E assim o filme segue, tudo preto no branco, acrescido de algumas situações que deveriam ser cômicas, mas que são estereotipadas, forçosamente usadas ou para corroborar o plano absurdo, ou para estimular o “suspense” será-que-eles-vão-terminar-juntos-no-final?

Para dar um aspecto moderninho à comédia romântica da terceira idade, o diretor usa – e, com o perdão do lugar-comum, abusa – de cenas dos atores andando em câmera lenta, conduzidas por alguma música animada. O resultado (e o excesso) só confirma a artificialidade da produção.

No fim, Kate tem uma chance de salvar o filme do afogamento e... a aproveita. É o ponto alto de Um Plano Brilhante - que você já sabe onde vai parar, não se engane, mas, mesmo assim, não deixa de ser uma boa surpresa.

E antes que esse portal seja acusado de gerontofobia (a aversão ao que se relaciona com a velhice), basta dizer que o mesmo Joel Hopkins dirigiu em 2008 a delicada, madura e emocionante comédia romântica (da terceira idade) Tinha que Ser Você, com Dustin Hoffman e a mesma Emma Thompson. Um Plano Brilhante é um Tinha que Ser Você bobo.