As Bem-Armadas: Crítica AdoroCinema

Por mais que tenha ganho o Oscar de melhor atriz por Um Sonho Possível e logo em seguida tenha optado por trabalhos mais dramáticos, em Tão Forte e Tão Perto e Gravidade, Sandra Bullock sempre teve um pé na comédia. Seu retorno ao gênero não chega a ser surpreendente, ainda mais após o recente depoimento de que poderia trabalhar em comédias “por toda a vida”. Entretanto, ao longo da carreira Sandra tem sido inconstante nas comédias, ora acertando – A Proposta – ora patinando feio – Miss Simpatia 2. Felizmente, As Bem-Armadas pertence ao grupo das que deram certo. Muito graças à combinação do timing cômico da própria Sandra com o de uma comediante em ascensão: Melissa McCarthy.

É bem verdade que o roteiro abusa dos clichês dos filmes envolvendo duplas de policiais. Enquanto Sandra é a agente do FBI arrogante e solitária, daquelas que têm o trabalho como o grande motivo para viver, Melissa é a típica desbocada que não tem freios para nada. Além dos papéis não serem nem um pouco surpreendentes, você já viu ambas em personagens parecidos: Sandra também tinha um papel inicialmente antipático em A Proposta e Melissa teve um perfil parecido em Missão Madrinha de Casamento e Uma Ladra Sem Limites. É claro que elas de cara não vão se entender e é claro também que, após os atritos iniciais, tudo se acerta entre elas. Mas se o filme é tão formulaico assim, qual é a graça então?

É neste ponto que entra o talento das duas atrizes e a habilidade do roteiro em aproveitar as qualidades de cada uma. Por mais que sejam clichês, as características das duas policiais são bem desenvolvidas e geram situações engraçadas. Além disto, a própria história possui elementos que geram piadas ótimas, como as pinturas de Jesus atleta, a cinta usada sobre a roupa e o personagem albino. São estes momentos que sustentam o filme, por mais que a condução da trama seja previsível e o filme em si seja um pouco longo demais (117 minutos).

É preciso também ressaltar que As Bem-Armadas (título infame para o original The Heat) provavelmente seja um dos filmes mais violentos da carreira de Sandra Bullock. Nada muito explícito, é claro, mas ainda assim surpreendente para o que costuma ser visto em comédias americanas neste estilo. Trata-se de uma comédia divertida que abre espaço para que suas protagonistas façam o que sabem melhor, cada uma dentro de seu estilo próprio. Bom filme.