Velhinhos em ação
por Francisco RussoA série Os Mercenários tem como grande atrativo a oportunidade de ver reunidos atores do porte de Stallone, Schwarzenegger, Bruce Willis, Mel Gibson, Van Damme e outros tantos do cinema de ação, que fizeram a alegria de muito marmanjo nos anos 1980 e 1990. Por mais que a ideia seja bacana, e novos nomes sejam acrescidos a cada continuação produzida, apenas isto não bastaria para sustentar a franquia. Desta forma, desde Os Mercenários 2 há uma clara opção pelo autodeboche, seja brincando com a idade dos protagonistas ou com fatos relacionados a alguns deles. Os Mercenários 3 segue esta mesma linha, mas oferece ao espectador menos ação do que inicialmente se imaginaria.
A começar pela opção do diretor Patrick Hughes em desenvolver, de fato, uma história envolvendo os personagens. Há todo um arco dramático envolvendo a substituição dos veteranos de batalha por uma equipe mais jovem, ressaltando a necessidade de ter sangue novo na equipe de Barney Ross (Stallone). Com isso, é necessário apresentar os novos personagens e suas respectivas habilidades, o que ocupa um bom tempo, assim como justificar o retorno dos velhinhos (você não achava que eles ficariam de fora da brincadeira, não?). Todo este trecho torna Os Mercenários 3 de longe o filme da série com o roteiro melhor desenvolvido, mas também reduz a quantidade de cenas de ação, que ficam pontuadas mais no início e no desfecho do longa-metragem.
Ainda assim, trata-se de um filme com momentos divertidos. A começar pelo resgate do personagem de Wesley Snipes, logo no início, com direito à inusitada cena de um helicóptero se escondendo de um canhão e a piada envolvendo o porquê dele estar preso, referente à vida do próprio ator. Ao longo do filme há vários diálogos neste sentido, com o objetivo de remeter a antigos sucessos ou até a problemas enfrentados pelo filme, como a saída de Bruce Willis por não aceitar o cachê oferecido. É Os Mercenários tirando sarro de si mesmo, demonstrando o bom humor que norteia a série.
Outra mudança facilmente notada neste terceiro filme é em relação à violência. Por mais que Os Mercenários 3 siga bem violento, há um cuidado para que não haja sangue na telona. Tudo visando uma diminuição na classificação etária nos Estados Unidos, de forma a atingir um público mais amplo. Entretanto, os fãs de ação não precisam temer: há boas doses de adrenalina, com direito a várias cenas impossíveis, do jeitinho que reza a boa cartilha do gênero.
Com a fórmula da série mais uma vez bem aplicada, sobra espaço para que alguns “novatos” se destaquem. O brilho maior fica por conta de Antonio Banderas como um mercenário tagarela, mas Mel Gibson também se destaca ao interpretar um vilão que capricha na cara de maluco (especialidade do ator) ao falar com Barney. Por outro lado, em relação às lutas ninguém impressiona mais do que Ronda Rousey – não por acaso, ela é lutadora do UFC e especialista em técnicas de solo.
Melhor que o original mas inferior a Os Mercenários 2, esta nova continuação segue apostando firme no ineditismo do encontro nas telas de certos atores, como acontece entre Stallone e Harrison Ford ou Mel Gibson, por exemplo. Para quem cresceu vendo e se divertindo com os filmes destes astros, há um simbolismo inerente em cada um destes momentos. No fim das contas, trata-se de um filme que entretém, por mais que não tenha um momento marcante como as aparições de Chuck Norris no episódio anterior da série.