Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
A Bela e a Fera

Requinte visual

por Francisco Russo

Nos últimos anos, Hollywood descobriu um novo filão: as adaptações com atores de contos de fadas famosos, muitos deles já aproveitados em clássicos na animação. Assim vieram Branca de Neve e o CaçadorMalévola e os ainda inéditos Pan e Cinderela. A França, que possui um cinema mais autoral sem deixar de lado o comercial, resolveu embarcar nesta onda com uma versão própria de A Bela e a Fera – cuja história, não por acaso, é situada em território francês. O resultado é um filme requintado visualmente e que possui diferenças consideráveis em relação à versão mais conhecida da história, a animação produzida pela Disney que foi indicada ao Oscar de melhor filme em 1992.

De imediato, o que salta aos olhos neste novo A Bela e a Fera é a qualidade técnica. Direção de arte, figurino e fotografia (com muitos cenários criados em animação computadorizada) se destacam, gerando um mundo fantasioso que mescla beleza e um certo tom sombrio. Inclusive, esta dualidade é refletida no próprio desenvolvimento da história, já que o romance entre Bela e a fera não é muito aprofundado. Há um fascínio e curiosidade um pelo outro, mas a paixão em si fica subentendida e, em certos momentos, é substituída pelo animalesco e até insinuações de erotismo. Entretanto, nada que possa impressionar os pequenos que se animarem a ver o longa-metragem, é bom ressaltar.

As mudanças principais em relação à trama conhecida se referem à família de Bela, que ganhou irmãos praticamente inúteis à história como um todo. O passado da fera também ganhou contornos mais fantasiosos, até mesmo para ampliar a possibilidade do uso de efeitos especiais, assim como a importância da rosa tem agora outro motivo. Tirando estes detalhes, trata-se da história como a conhecemos. Outro ponto importante: a trama é narrada para duas crianças, de forma a ressaltar o lado conto de fadas e, ao mesmo tempo, brincar com a possibilidade dela ser real. Uma ideia meio manjada, mas que funciona a contento dentro da proposta do filme.

No fim das contas, este novo A Bela e a Fera é um filme mais belo do que propriamente bom. Léa Seydoux surge apenas correta, explorando mais sua beleza do que compondo uma princesa cativante, enquanto que Vincent Cassel praticamente se esconde debaixo de tanta maquiagem e efeitos especiais – é impossível reconhecê-lo na pele da fera! Vale a pena ser visto mais pelo lado técnico, já que possui um lado artístico bem interessante.