Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
No Olho do Tornado

A bonança depois da tempestade

por Renato Hermsdorff

Se, em 1996, Twister já havia surpreendido muita gente no quesito efeitos especiais, imagine o quanto a tecnologia avançou nesses quase 20 anos que se passaram desde então. Pois, com um enredo genérico, é no visual tecnológico realista de última geração que se apoia este No Olho do Tornado.

No thriller de ação dirigido por Steven Quale (Premonição 5), não um, mas vários tornados atingem a cidade de Silverton, nos Estados Unidos. É para lá que se dirige um grupo de cientistas caçadores de tempestade; é lá que mora um pai, Gary (Richard Armitage, de O Hobbit, o mais canastrão), vice-diretor de uma escola, durão com seus filhos; é a cidade que abriga também dois aventureiros abestalhados no estilo Jackass (o alívio cômico, que não tem graça).

Com um elenco relativamente desconhecido (e fraco), estão lá, no filme, alguns dos clichês comuns ao gênero, como os que envolvem a obsessão profissional, o conflito de gerações, o pai-herói, os encontros e desencontros e até a mensagem edificante no final, com direito à bandeira norte-americana tremulando ao vento (brando).

Feitas as observações, no entanto, até que No Olho do Tornado é um filme... contido na medida em que a construção da relação dos personagens é menos apelativa do que se poderia imaginar em um primeiro momento.

Por outro lado, há, também, uma certa preocupação em contextualizar o fenômeno natural (em uma fala, é verdade, mas com uma citação que enumera os furacões Katrina, Sandy e Joplin como fenômenos recentes e cada vez mais agressivos. Plausível para explicar o surgimento do maior tornado de que se tem registro).

Ainda: numa era como a nossa obcecada pelo registro e vigília em vídeo, o filme também acerta ao combinar formas diferentes de captação das imagens, seja com o equipamento profissional (feita pelos cientistas); a câmera amadora (alunos formandos); GoPro (jackasses em busca da fama no Youtube); ou mesmo na câmera fixa de monitoramento (escola).

Tudo isso contribui para que haja tensão, o que é imprescindível para este tipo de filme – destaque para uma cena de resgate subaquático. Apesar das ressalvas, se você entrar na sala de cinema disposto a embarcar nesta história, pode ser que alcance uma leve bonança. Depois da tempestade, é claro.