Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
Uma Ladra Sem Limites

Riso limitado

por Roberto Cunha

Quando um ator ou atriz é a bola da vez não tem jeito e seu rosto torna-se familiar em cada vez mais produções, que podem dar certo ou apenas desgastar a imagem do "explorado". Guindada ao posto máximo da comédia americana, a gordinha Melissa McCarthy estourou no seriado Mike & Molly (iniciado em 2010), virou presença obrigatória em filmes focados no riso e os resultados, com trocadilho, têm sido animadores. Missão Madrinha de Casamento é o melhor exemplo, mas esse Uma Ladra Sem Limites pega carona nessa onda e já deve ter passado a marca dos US$ 170 milhões ao redor do mundo, enquanto você sofre para continuar lendo essa crítica.

Falando em cifras, Sandy (Jason Bateman) trabalha na área financeira, é um cara comum, tem duas filhas fofinhas e mais gente chegando na barriga da esposa (Amanda Peet). Melhor seria se ele tivesse grana, mas seu chefe é um manézão e uma promoção não vai rolar tão cedo. Quando surge uma chance dele melhorar de vida, descobre que seu nome está sendo usado por outra pessoa que anda fazendo um estrago danado na praça e pode colocar tudo a perder. A causadora do problema (McCarthy) é uma picareta por natureza, gastadora compulsiva e com um jeito todo especial de "convencer" as pessoas. Diante da inoperância da polícia, Sandy viaja para convencer a gatuna a se entregar, mas ela deve para mais gente e a cabeça dela está a prêmio. Já viu no que vai dar, né?

O longa foi dirigido por Seth Gordon (Quero Matar Meu Chefe) e produzido por Scott Stuber, nome por trás do fenômeno de pelúcia em 2012: Ted. Para completar as credecenciais, o roteiro é de Craig Mazin, de Se Beber, Não Case! Parte II e Todo Mundo em Pânico 3, um cabra experiente em franquias bem sucedidas. A trama tá costuradinha, o ritmo não se perde e o flerte com os road movies é perfeito, pois assim os conflitos/percalços dos protagonistas durante a jornada ficam mais evidentes e a torcida (espectador) compra a ideia facilmente. Difícil mesmo é imaginar as companhias de cartão autorizando compras tão absurdas. Mas aí são outros quinhentos e quem vai ligar para isso?

Então quer dizer que é filme pra se escangalhar de tanto rir? Não necessariamente. Porque uma parcela do público pode achar tudo ali mais do mesmo. Um protagonista com sobrepeso sendo o engraçado (ela), um magro servindo de escada para que isso aconteça (ele) e o improvável (?) acontecendo: a dupla descobre que têm muito mais em comum do que apenas um nome esquisito. Por outro lado, outros poderão rir de montão com um repetitivo golpe "kung fu", de piadas com negros, estrangeiros e dos momentos bizarro/sexuais. Sem contar que a cota melodramática está garantida e o povão a-do-ra essa mistura. Resultado? Uma Ladra Sem Limites é simples, atual, não inova, tem sequências de ação (boas) e ritmo. Só não vá esperando muito porque você pode fazer parte do time que vai considerar o riso limitado.