Críticas AdoroCinema
4,0
Muito bom
Mama

Terror em família

por Lucas Salgado

Mesmo tendo feito filmes sombrios como CronosA Espinha do DiaboGuillermo del Toro ficou conhecido mesmo por Hellboy. Entre os dois longas com o herói dos quadrinhos, lançou o extraordinário O Labirinto do Fauno, que mesclava com precisão os elementos de sua filmografia. Era horripilante e tenso ao mesmo tempo que era fantasioso.

De lá pra cá, del Toro trabalhou no roteiro de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada e na direção de Círculo de Fogo, deixando um pouco de lado o universo do horror em seus próprios projetos. Mas isso não significa que ignorou totalmente o gênero. Ele vem se revelando um excelente produtor de filmes de terror ou suspense. Após produzir o ótimo O Orfanato, ele fez o mesmo com Mama.

O filme conta a história de duas garotinhas, Lilly e Victoria, que são deixadas pelo pai em uma cabana abandonada no meio do mato. Anos mais tarde, são encontradas e levadas para viver com o tio, que conta com o apoio de um psiquiatra muito interessado nos efeitos que o tempo causou na cabeça das jovens.

Acontece que elas não ficaram sozinhas durante todo o período, sendo "criadas" por uma força sobrenatural que acaba recebendo o sugestivo nome de Mama. Ao ver seus garotas levadas embora pelo tio, Mama não vai deixar barato.

Dirigido por Andres Muschietti, o longa traz Nikolaj Coster-Waldau na pele de Lucas, o tal tio. Dedicado, ele tenta devolver às sobrinhas um tipo de vida normal. Ele conta com a companhia da bela namorada Annabel. Vivida pela ótima e onipresente Jessica Chastain, Annabel cai de paraquedas na vida das garotas, mas acaba assumindo a responsabilidade de um tipo de mãe substituta.

A atriz de A Hora Mais Escura vem se mostrando cada vez melhor na tela grande. Ela tem um domínio preciso da cena e tem o mérito de escolher muito bem seus projetos. Em Mama, ela vive uma sexy roqueira com cabelos curtos e escuro, e convence tanto quanto em A Árvore da Vida, quando surge de forma quase que angelical, com longos cabelos ruivos.

A pequeninas Megan CharpentierIsabelle Nelisse são outros destaques do elenco. Ao mesmo tempo que assustam (e muito!) com o comportamento, digamos, antissocial adquirido na cabana, elas também possuem certa graciosidade, que encanta não só Annabel, mas também o público.

O longa conta com uma bela fotografia de Antonio Riestra, que compra a ideia do diretor e constrói um ambiente sombrio e com tons bem escuros. A trilha sonora de Fernando Velázquez é outro destaque, não usando a música para dar sustos, mas sim para construir um clima de terror e fantasia. 

Escrito à seis mãos (Neil Cross, Andy Muschietti e Barbara Muschietti), o roteiro tem algumas falhas em seu andamentos, mas também possui muitos méritos, principalmente na forma sóbria com que trata a "personagem" Mama. Outro mérito do texto é investir em personagens que não são os tradicionais "idiotas" de filmes de terror.