Perfeito só no título
por Lucas SalgadoPela primeira vez em quase 30 anos, desde que escreveram Crimewave (1985) para Sam Raimi, os cultuados irmãos Ethan Coen e Joel Coen assinam um roteiro de um filme que eles não sejam os diretores (ou pelo menos um deles). O longa em questão é o irregular Um Golpe Perfeito e basta assistir ao mesmo para saber o motivo dos Coen terem decidido passar a bola para outro. O filme não é uma bomba, mas tampouco faz justiça aos últimos trabalhos da dupla, Bravura Indômita, Um Homem Sério, Queime Depois de Ler e Onde os Fracos Não Têm Vez.
Na verdade, Um Golpe Perfeito remete aos Coen de Matadores de Velhinha ou O Amor Custa Caro, mas sem um astro carismático do valor de Tom Hanks e George Clooney. Colin Firth tem seu valor e se esforça, mas não o suficiente para fazer de Harry um personagem que desperte o carinho do público.
Trata-se de um filme ordinário em todos os sentidos. Tem algumas ceninhas divertidas, outras bobas e outras realmente dispensáveis e sem graça. Ao final, o sentimento é que não que cativou e também não te ofendeu. Não de ensinou nada, mas também não lhe fez bater a cabeça na parede. Assim, pode acabar funcionando como um entretenimento raso, mas tão raso que afasta qualquer possibilidade de mergulho na história.
Harry Deane (Firth) é um especialista em arte que trabalha para um arrogante milionários (Alan Rickman). Ele decide aplicar um golpe no chefe que lhe trata tão mal e para isso bola um plano que envolve a atrapalhada cowgirl texana PJ Puznowski (Cameron Diaz).
Rickman está bem confortável no papel, que parece inspirado na personagem de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada. Já Diaz mais uma vez encarna o papel de loira atrapalhada que surge em cena apenas valorizando seus atributos físicos. Depois de um tempo em cena, ela acaba oferecendo um pouco mais ao espectador, mas volta e meia sente a vontade de se passar por boba.
Conhecido pelo trabalho no drama A Última Estação e na comédia romântica Um Dia Especial, o diretor Michael Hoffman não muito confortável ao investir em uma comédia de situações. Ele não se arrisca, buscando apenas terminar o filme sem pisar em cascas de banana pelo caminho. A trilha, a montagem, a fotografia, tudo segue uma opção pelo convencional.
Refilmagem de Como Possuir Lissu, com Shirley MacLaine, Michael Caine e Herbert Lom, o novo longa não vai ficar na sua cabeça por muito tempo. Para o bem e para o mal.