Críticas AdoroCinema
3,5
Bom
A Arte da Conquista

Hora de crescer

por Roberto Cunha

Exibido no Festival do Rio no ano passado, A Arte da Conquista também passou no Festival de Sundance e lá foi indicado ao Grande Prêmio do Júri. Dirigido pelo novato Gavin Wiesen, o longa consegue prender a atenção com uma história simples sobre um jovem que é pura deprê e só pensa na morte como algo inexorável o bastante para não se iludir com a vida.

Bem interpretado por Freddie Highmore, George alega não curtir a humanidade, não se comunica dentro de casa, está para se formar, mas não está nem aí, passando boa parte do tempo mergulhado em seus (bons) desenhos, traçados durante as aulas.

Só que paralelo ao seu isolamento por opção, a vida cobra tarefas escolares, deveres de casa, e existe o risco de dar adeus à formatura. Sally (Emma Roberts) é um pitéuzinho que também tem a cabeça meio maluquinha e quando eles se conhecem pinta um clima. Mas a dificuldade (comum) de expressar sentimentos e o velho papo (dela) "vamos ser amigos" vira um problema, que só aumenta quando surge um terceiro elemento para formar um inesperado triângulo.

Além de algumas sequências de bom gosto, existem bons diálogos, tiradas do protagonista ("Sou alérgico a hormônios") e o elenco de coadjuvantes cumpre seu papel. Sem pretensão de querer inventar a roda, o roteiro (do diretor) não fugiu dos clichês (até poderia ter evitado alguns), mas o dilema de 11 em cada 10 jovens na puberdade sobre o que fazer da vida não passa em branco. E o melhor de tudo é que vem acompanhado de uma deliciosa trilha de sonzinhos independentes de bandas como The Boxer Rebellion ("Spitting Fire"), Pavement ("Here") e French Kicks ("The Trial of the Century"), entre muitos outros.

Assim, não espere surpresas, mas um simpático drama adolescente que aborda de maneira natural as angústias desse ser em constante mutação.