Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Como Sobreviver a um Ataque Zumbi

O fanático, o descrente e o meio-termo

por Francisco Russo

Zumbis, mais do que nunca, estão na moda, tudo graças ao sucesso das séries Resident Evil (no cinema) e The Walking Dead (na TV). Diante disto, nada mais natural do que explorar os populares vilões das mais diversas formas, seja através da comédia (Todo Mundo Quase Morto e Meu Namorado é um Zumbi) ou da ficção científica (Guerra Mundial Z). Como Sobreviver a um Ataque Zumbi segue a linha do primeiro subgrupo, se apropriando de clichês do subgênero para esculhambá-los. Em alguns (poucos) momentos, funciona.

Para tanto, o diretor e roteirista Christopher Landon (de vasto histórico na franquia Atividade Paranormal) coloca como heróis outro grupo bem estereotipado: os escoteiros. O anacronismo de seus ideais bucólicos na realidade cada vez mais cínica e individualista é bem explorado através do decadente vídeo de aprendizado sobre como ser um escoteiro, usado para "conquistar" novos integrantes. O próprio trio protagonista tem suas divergências entre permanecer ou não no grupo. Afinal de contas, a adolescência está chegando e usar a farda típica e seus habituais distintivos não ajuda nem um pouco a conseguir uma garota.

Os hormônios em ebulição são um elemento bastante importante neste longa-metragem, visto que Como Sobreviver a um Ataque Zumbi pode ser considerado também uma variação da típica comédia adolescente americana, onde jovens afoitos se impressionam com peitos vistosos e vibram com a menor chance de vê-los de perto - como esquecer de American Pie? O clichê perfeito deste tipo de personagem é Carter (Logan Miller), que ainda traz consigo a ansiedade típica dos dias atuais em relação à urgência da tecnologia (selfie! selfie! selfie!). É ele também o descrente, aquele que deseja largar o escotismo a todo custo, servindo de contraponto ao sempre alerta Augie (Joey Morgan, o típico gordinho boa praça). Ben (Tye Sheridan, com ares de galã juvenil), fica no meio da dupla, querendo mais do que o escotismo tem oferecido mas, ao mesmo tempo, sem querer desfazer o trio de amigos.

Entretanto, antes mesmo de iniciar a sátira ao universo dos escoteiros, o diretor já aponta o tom adotado neste filme. A sequência inicial, em que um faxineiro idiota é atacado por um zumbi, dá uma boa ideia do estilo de piadas que serão exploradas dali em diante: vulgares, agressivas, exageradas e, às vezes, buscando o extremo. A violência gráfica é outro elemento bastante usado, seja através do sangue espirrado ou das próprias cabeças (de zumbis) explodindo. Na corrida desenfreada decorrente da luta pela sobrevivência até surgem algumas piadas divertidas, todas brincando com estereótipos - o confronto com  o zumbi fã de Britney Spears é uma delas, bem como o uso de uma cama elástica. Há ainda um punhado de situações apelativas que exploram a comédia escatológica e sexual, infelizmente tão comum na Hollywood atual.

Sem a inteligência de um Zumbilândia, que também buscava a sátira dos filmes de zumbis, nem o escracho nonsense de Matadores de Vampiras Lésbicas, Como Sobreviver a um Ataque Zumbi pouco tem a oferecer além de situações clichês envolvendo personagens ainda mais estereotipados. Por mais que Christopher Landon em certos momentos demonstre ter consciência do material que tem em mãos, ainda assim falta coragem para sair do lugar comum. No fim das contas acaba sendo uma bobagem juvenil banal, com muito sangue e vísceras de forma a - mais uma vez - maquiar um roteiro tão sem inspiração.