Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
O Poder e a Lei

Não é um caso perdido

por Roberto Cunha

Filmes de tribunal costumam fazer sucesso nos Estados Unidos e parecem encontrar no Brasil - também - uma boa recepctividade. Se o crime em questão tem elementos sexuais, a curiosidade aumenta e quando os atores são conhecidos, o processo, quer dizer, sucesso parece já estar com meio caminho andado. Mas nem sempre é assim e todo cuidado é pouco. Felizmente, o caso em questão não é perdido.

A história conta sobre Mick Haller (Matthew McConaughey), um advogado diferente, que reúne a malandragem das ruas e a experiência do pai. Seu escritório pode ser numa mesa do parque ou no banco de trás de seu carro, o modelo clássico americano presente no título original: "The Lincoln Lawyer". Pai de uma criança fruto da relação com uma promotora (Marisa Tomei), sua vida está prestes a sofrer um revés. Ao defender um playboy riquinho (Ryan Phillippe), acusado de espancamento contra uma jovem, uma importante conexão com um crime do passado foi estabelecida e agora o perigo é iminente.

No elenco, rostos conhecidos darão ao espectador a familiaridade necessária para se sentir confortável na companhia de John Leguizamo, William H. Macy, Michael Peña , Josh Lucas e Frances Fisher (Titanic). Mas o destaque vai para o resgate de Michael Paré, o eterno Tom Cody do clássico Ruas de Fogo (1984). Para a turma ligada em seriados, Katherine Moennig, a Shane do polêmico The L Word, também está no time, assim como Michaela Conlin, da série Bones. Em termos de atuação, o cinismo presente nos personagens de McConaughey e Phillippe já segura bem, mas o restante da equipe está coesa e cumpre cada etapa do processo, quer dizer, projeto. Para quem se liga na trilha sonora, a abertura clássica e moderna ao mesmo tempo (lembrando seriados de tv) já tem um senhor cartão de visita com o clássico "Ain't No Love in the Heart of the City" na voz de Bobby 'Blue' Bland.

Dirigido pelo desconhecido Brad Furman (Em Busca de Justiça), a adaptação do best seller de Michael Connelly, traduzido aqui como "Advogado de Porta de Cadeia" (2005), tem uma trama boa, com as reviravoltas necessárias para manter a chama da dúvida acesa e te deixar ligado no filme. Pode não apresentar nenhuma novidade, mas funciona e satisfaz tranquilamente quem busca um suspense leve, honesto e com boas interpretações. Assim, da mesma forma que o pai do protagonista ensinou que "não existe cliente mais perigoso que o inocente", você pode se sentir culpado deixando de assistir este filme por puro preconceito. Escolha a companhia (não bata com o martelo) e caso encerrado. Boa diversão.