Críticas AdoroCinema
4,0
Muito bom
No Limite do Amanhã

Outro ponto de vista

por Lucas Salgado

Tom Cruise está longe de viver o melhor momento de sua carreira. Seu nome já não é mais sinônimo de sucessos de bilheteria, mas uma coisa é certa: ele está muito longe do fracasso que alguns tentam transformá-lo. Pode-se dizer que ele até causou um pouco da implicância do público se envolvendo em uma série de situações estranhas nos últimos anos (quem não lembra do sofá da Oprah Winfrey?), mas continuou realizando bons trabalhos nas telonas, como Missão Impossível - Protocolo Fantasma e Jack Reacher - O Último Tiro.

Em 2013, estrelou a ficção científica com ação Oblivion, que tem bons momentos e um visual bem interessante. Agora, um ano depois, volta a se arriscar no gênero com No Limite do Amanhã e se sai ainda melhor. O longa é uma espécie de filme de guerra com alienígenas e viagem no tempo, que consegue produzir momentos de ação, romance e, surpreendentemente, humor.

Bill Cage (Cruise) é um major que trabalha como secretário de imprensa para o exército norte-americano. Em meio a uma guerra da humanidade contra alienígenas, ele tem a função de lidar com a imprensa, participando de programas jornalísticos e tentando vender a imagem vitoriosa dos militares. Contra sua vontade, ele acaba enviado para um combate onde um exército formado por uma coalisão mundial tenta retomar a Europa. Sem treinamento ou coragem, ele se vê em meio a um massacre, quando descobre que possui um estranho "poder" que lhe permite retornar a um ponto de sua vida toda vez que morre. Tal habilidade, então, é colocada em prol da luta contra os aliens.

Sim, temos Tom Cruise mais uma vez tentando salvar o mundo. Mas agora é diferente. Seu personagem conta com a ajuda de Rita Vrataski (Emily Blunt), garota-propaganda do exército no combate, tendo sido diretamente responsável pela vitória em uma batalha anterior. Ela irá treinar Cage e lutar ao seu lado. Várias vezes.

É curioso notar que Cruise não se incomoda em ser o elo fraco desta dupla. Ele é o covarde que evita o conflito, enquanto que ela demonstra uma frieza de quem sabe que a humanidade está em risco e que qualquer momento de hesitação pode acabar em morte.

Destaque em filmes como O Diabo Veste Prada e Looper - Assassinos do Futuro, Blunt mostra mais uma vez ser uma ótima atriz, conseguindo mesmo passar a imagem de força diante de Cruise, o que não é fácil uma vez que estamos falando de um astro de ação. A dupla protagoniza excelentes cenas de combates e outras não menos boas de cumplicidade diante de toda dificuldade.

Dirigido por Doug Liman (A Identidade BourneSr. e Sra. Smith), o filme conta com muito humor, tendo vários momentos cômicos, principalmente quando Cage está descobrindo seus dons. Edge Of Tomorrow (no original) conta com ótimos efeitos visuais e com um design de produção incrível. Os figurinos, em especial as armaduras, são bem realistas, lembrando um pouco Elysium, de Neill Blomkamp.

Adaptação do mangá "All You Need is Kill", de Hiroshi Sakurazaka, o longa tem como grande mérito trazer uma mulher como centro da ação. É curioso notar, que até a cena clichê do guerreiro ferido sendo tradado pelo parceiro é mostrado do ponto de vista oposto ao padrão da ação dos anos 80. Em um momento, a personagem de Blunt se machuca e Cruse cuida dela.

Não se trata de uma obra que irá mudar o universo da ficção científica, mas vai entreter, e bem, aqueles que forem em busca de uma ação inteligente e alucinante. Além disso, possui momentos de grande cinema, com referências claras a O Resgate do Soldado Ryan, com o exército entrando na Europa por uma praia francesa.