Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
Para Sempre

Água com açúcar

por Lucas Salgado

Para Sempre podia muito bem ser baseado em um livro de Nicholas Sparks. A partir de uma narração off, conta a história de um casal apaixonado que precisa lutar contra inúmeras barreiras para ficarem juntos. Coincidentemente, os dois protagonistas já estrelaram obras inspiradas em Sparks: Rachel McAdams fez Diário de uma Paixão, que talvez seja a melhor adaptação de um livro do escritor, enquanto que Channing Tatum atuou em Querido John. Mas não, Para Sempre não tem o autor como fonte principal, mas sim o relato real de Kim e Krickitt Carpenter.

O ponto de partida da trama é muito bom: um casal sofre um acidente e a mulher desperta sem recordar da vida com o marido, obrigando este a reconquistá-la. É errado dizer que a "história é boa, mas o desenvolvimento é ruim", afinal é difícil não se emocionar com a produção. É inegável, no entanto, que o filme possui algumas falhas de prejudicam o resultado final, como o fato de ter uma narração off que vai e vem sem muita ordem ou significância ao longo da história. Ainda dentro deste elemento, o longa falha, em um momento, ao apresentar uma série de situações não testemunhadas pelo narrador, que é o personagem Leo (Tatum), o marido.

Uma das principais vantagens de The Vow (no original) é saber que possui uma história emocionante, não precisando ficar forçando ceninhas tristes para fazer o espectador chorar. Isso acaba acontecendo naturalmente, o que só valoriza o filme. A dupla de protagonistas também merece destaque. Um dos atores em ascensão em Hollywood, Channing Tatum se sai muito bem em cena. Curiosamente, ele vai melhor nas sequências dramáticas do que naquelas em que está feliz, talvez por ter se envolvido tanto com o drama do personagem. Rachel McAdams continua com aquela carinha apaixonada (e apaixonante!) de sempre, dando vida a uma Paige que demonstra bem a dificuldade do momento que passa.

A dupla principal é a grande responsável pelo sucesso da produção, afinal a turma de coadjuvantes é uma enorme decepção. Por mais que suas atitudes façam sentido na história, incomoda o quão rasos e superficiais são os personagens de Sam NeillJessica Lange e Scott Speedman. Os dois primeiros interpretam os pais de Paige, que veem no problema da filha a oportunidade de retomar um contato perdido. O ruim é que o filme não foca no fato deles quererem uma reaproximação, mostrando sim uma tentativa de moldar a personalidade dela. Já Speedman interpreta o ex-noivo da jovem e se vê obrigado pelo roteiro a assumir a posição de vilão, o que não cai nada bem.

Com uma direção insegura de Michael Sucsy, o longa comete alguns erros bobos ao tentar deixar tudo muito claro, sem que o espectador precise preencher nada. Em determinado momento, vemos um personagem pegando um elemento de cena marcante, só para depois nos depararmos com tal objeto tendo importância fundamental na trama.

Para Sempre faturou mais de US$ 120 milhões nos Estados Unidos. E o principal motivo para tanto está em sua capacidade de sensibilizar a plateia.