A Difícil Arte de Ser Criança
por Francisco RussoÉ comum ouvir que vida de criança é fácil, por não ter trabalho nem preocupações. Não é bem assim, pensam os pequenos. É claro que a vida adulta traz responsabilidades muito maiores, mas isto não significa que ser criança seja levar uma vida sem problemas. Que o diga Greg Heffley, personagem principal de Diário de um Banana 2. Perseguido sem dó nem piedade pelo irmão mais velho, Rodrick, ele ainda precisa lidar com a paixão secreta pela nova garota do colégio e o patrulhamento constante de sua mãe. Ou seja, sua vida não é tão simples quanto se imagina. É exatamente este ambiente um dos motivos que torna o filme tão divertido.
Diário de um Banana 2 consegue algo raro nos filmes voltados para o público infantil feitos em Hollywood nos últimos anos: ser fiel à realidade dos menores sem ser apelativo, mantendo uma necessária ingenuidade que acaba sendo um dos charmes da história. É assim que acompanhamos as armadilhas de Rodrick, as travessuras do caçula da família, o esforço da mãe em unir os filhos, os amigos de colégio e a paixão juvenil por Holly Hills. Sempre com uma doçura cativante, mesclada com o desespero típico dos jovens quando as coisas não dão certo. O pavor em “pagar mico” é constante, mas não impede que os amigos Greg e Rowley vivam aventuras típicas de sua idade. O que inclui situações muito próprias, como ver escondido um filme de terror e fingir que um colega é invisível.
Outro fator que ajuda bastante é a precisa escalação do elenco. Zachary Gordon (Greg) é expressivo e carismático, transmitindo autenticidade nas peripécias de seu personagem, sejam elas alegres ou de puro pânico. Devon Bostick (Rodrick) transmite um olhar pouco confiável de quem vai aprontar com o irmão a qualquer momento, deixando sempre no ar que algo está para acontecer. Rachael Harris (Susan) encarna o lado protetor e ao mesmo tempo educador da mãe, por vezes exagerado mas sem perder o respeito. Robert Capron (Rowley) é a encarnação típica do gordinho da escola, meio desengonçado e medroso mas sempre simpático. Há ainda Steve Zahn (Frank), cuja presença como o pai dos Heffleys é mais sentida na estrutura da família como um todo, sem dar tanto destaque à sua performance individual.
O resultado da união de um belo elenco com uma história fiel ao universo infantil faz de Diário de um Banana 2 um programa agradável para pais e filhos, sem restrições. Destaque para as conversas de Greg com o público, sempre bem humoradas, e as animações que surgem de vez em quando, fazendo uma associação com o livro de Jeff Kinney o qual foi baseado. Um filme bastante divertido, que traz um pouco da difícil arte de ser criança e como elas se viram para “sobreviver” neste mundo. Muito bom.