Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
5x Favela - Agora por Nós Mesmos

Nem Só de Boas Intenções se Faz um Bom Filme

por Francisco Russo

Antes de tudo, é preciso dividir 5x Favela - Agora por Nós Mesmos, o filme, do lado social nele envolvido. O projeto tem enorme valor pelas oficinas técnicas promovidas em comunidades carentes do Rio de Janeiro, oferecendo a chance de adentrar e seguir carreira no cinema. Mas também não é por causa disto que o filme deva ser, necessariamente, elogiado. Ainda mais quando apresenta graves defeitos em sua realização.

O maior deles é a constante sensação de lição de moral que permeia o filme, muitas vezes apresentada de forma ingênua e moralista. O primeiro episódio, Fonte de Renda, é o maior exemplo. A história do jovem universitário que mora na favela e passa a levar drogas aos amigos, para conseguir dinheiro para bancar os estudos, serve ao velho lema "sou pobre, mas honrado". Até a punição está presente, suficiente para que o protagonista perceba o delito sem sofrer um grande trauma. Tudo muito certinho, com a missão de transmitir uma lição aos espectadores. Só faltou o "não façam isso, crianças!" para ficar completo.

O terceiro episódio, Concerto para Violino, faz ainda pior. Na tentativa de mostrar, de forma explícita, a existência de policiais que também são bandidos, o que apresenta? Um policial que, para recuperar armas roubadas de um batalhão, entrega uniformes policiais e um arsenal nas mãos de bandidos rivais. E ainda desfilam à vontade nas ruas, quase que à espera de fotógrafos que registrem o feito. Por mais que esta dualidade exista, não é de forma tão escancarada. Ou seja, mais uma vez a ingenuidade fala mais alto para retratar um tema sério.

Por outro lado, o segundo episódio, Arroz com Feijão, desperta boas risadas. Graças especialmente aos seus intérpretes mirins, Juan Paiva e Pablo Vinícius, verdadeiras figuraças! Apesar de também contar com uma lição de moral embutida, sua história é narrada com leveza e tocando em questões polêmicas que, apesar de aparecerem como pano de fundo, chamam a atenção. É, de longe, o que há de melhor no filme.

Os outros dois episódios, Deixa Voar e Acende a Luz, são razoáveis. O primeiro explora uma situação real, o medo existente pela divisão da favela entre facções rivais, mas desliza em mudanças de comportamento bruscas demais, incompatíveis com o ambiente. Já o último apresenta a favela sob o estereótipo da bagunça animada. Funciona, mas não deixa de ser uma visão parcial sobre o local.