ASSASSINO TURBINADO
por Roberto CunhaTem gente que aposta no sucesso de filmes com animais devoradores só porque inseriu o 3D na jogada. Essa pode ser a explicação para a chegada desse longa, explorando um clássico de Steven Spielberg: Tubarão.
Sara (Sara Paxton) resolve levar um grupo de amigos para passar um tempo em sua casa de verão no meio do Lago Crosby. O que eles não sabiam era que a moçoila estava sem visitar o local há cerca de três anos e, apesar de aparentemente ter deixado amigos por lá, seu ex-namorado Dennis (Chris Carmack) os recebeu com agressividade. O lado bom é que a mansão é longe de tudo e sem comunicação com a cidade, mas a perda de um braço durante a prática de wake board revelou algo assustador. Um tubarão "enfurecido" capaz de atacar embarcações foi o responsável e eles precisam buscar ajuda. A questão é: como sair de lá em segurança?
A apresentação dos personagens e suas característica seguem o padrão conhecido: uma garota certinha, outra mais assanhada, um cara meio nerd, outro atlético, tem um cahorro e por aí vai. Assim, novidade não é a palavra correta para definir esse suspense, mas alguns pontos podem até torná-lo interessante para algumas pessoas. Entre eles, as sequências do lago têm visual deslumbrante e os já tradicionais momentos "caça e caçador" dentro da água podem deixar muita gente aflita.
Os mais "escolados", por outro lado, podem se incomodar com a previsibilidade e os exageros de um animal "turbinado". Agora, quem levar a coisa para o lado do escracho, aquela levada meio trash, vai até se divertir porque tem bastante sangue para colorir a água de vermelho e um personagem humano, acredite, com dentes de tubarão. A trilha sonora é moderna (tem rock dos anos 80 também) e existem citações de humor negro, como a famigerada Semana do Tubarão (Discovery Channel) e o clássico das locadoras Faces da Morte. E até o Brasil é lembrado com uma espécie de morcego.
No elenco de rostos - praticamente - desconhecidos do grande público, o rosto de Donal Logue (O Patriota), que faz o Xerife local pode ser o mais familiar. Mas não se engane. O filme é veículo para os corpos de jovens atores egressos de seriados americanos (The O.C. e o novo Barrados no Baile) e, principalmente, Sara Paxton (Aquamarine), que também começou na TV, brilharem.
Dirigido por David R. Ellis, do suspense "animal" Serpentes a Bordo e do tradicional Celular - Um Grito de Socorro, o longa é uma espécie de brincadeira com aquele gênero "grupo de jovens em perigo", incrementando com a tecnologia 3D, que rende algumas cenas razoáveis, mas nada de especial. Esse humor, inclusive, fica mais evidente até depois dos créditos finais, quando o elenco canta um hip hop zoando com tudo que você viu na sala escura.
Para aqueles que procuram procuram uma trama bem fechada, com conflitos bem explorados, esqueçam. O drama da protagonista é frágil e o roteiro abre possibilidades infinitas das coisas acontecerem de maneira até surreal. Assim, Terror na Água 3D é no máximo curtição em terra firme, mais precisamente, na sala de cinema. Nada mais (sem trocadilho) e somente para alguns.