Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Pequenos Espiões 4

Já vi isso antes

por Lucas Salgado

Criada em 2001, a série Pequenos Espiões sempre foi vista como um ponto de interrogação na carreira de Robert Rodriguez. Afinal, era difícil acreditar que o sujeito responsável por obras como A Balada do Pistoleiro e Um Drink no Inferno iria investir em um projeto eminentemente infantil. Com o desenrolar da franquia, que agora chega ao seu quarto capítulo, fomos nos acostumando a ver o nome do cineasta em projetos do tipo - também é dele A Pedra Mágica. Mas ainda assim é difícil ver um sujeito talentoso e autoral perdendo tempo desta forma.

Pequenos Espiões 4 cumpre tudo o que se propõe. O problema é que se propõe a muito pouco. A ideia é trazer uma nova dupla de agentes mirins e, para isso, utiliza-se da mesma premissa original. Ou seja, aqui vemos crianças "herdando" a função de espiões dos pais. A diferença são apenas os nomes: saem Alexa Vega e Daryl Sabara (não totalmente, como poderão ver no filme) e entram Rowan Blanchard e Mason Cook.

A nova dupla mirim até vai bem na medida que tem uma boa química em cena, mas é difícil largar a impressão de que tudo já foi visto antes. Ótimo no seriado Community, Joel McHale é relegado ao papel do pai das crianças, que não sabe que sua atual esposa é uma espiã. Jessica Alba é a responsável por interpretar a madrasta das crianças. Embora seja uma atriz conhecida por aceitar qualquer roteiro que lhe ofereçam (vide Mergulho Radical, Maldita Sorte, O Olho do Mal, dentre outros), acaba sendo surpreendente vê-la se submetendo a cenas bobas e desinteressantes, como aquela em que persegue um bandido mesmo estando em trabalho de parto.

O longa não é um desperdício total de tempo e poderá agradar o público mais jovem, que se impressiona mais com muitas cores e efeitos visuais (ainda que de qualidade limitada). Lamenta-se principalmente o tipo de humor a que o filme se propõe em alguns momentos. Ao fazer graça com vômito e gazes, Rodriguez "educa" o público infantil a achar engraçado sujeitos como Rob Schneider e Adam Sandler.

Com batidos efeitos em 3D, o filme apresenta como novidade uma quarta dimensão, que é uma cartela de cheiros que ilustram o que é visto em cena. Os cinéfilos brasileiros, no entanto, não poderão conferir o longa sentido o aroma dos elementos da história, uma vez que a distribuidora nacional não trouxe tais cópias para cá. Também destaca-se, negativamente, a opção por um lançamento com 100% das cópias dubladas.