Críticas AdoroCinema
3,5
Bom
Os Nomes do Amor

SIMPATIA NADA ORDINÁRIA

por Lucas Salgado

Os Nomes do Amor é um filme difícil de se classificar. Parece uma comédia romântica comum, mas sua força não está nem no humor, nem no romance. Com um roteiro afiado, o longa conta a história de Arthur Martin (Jacques Gamblin), um francês tradicional que um dia encontra Bahia Benmahmoud (Sara Forestier), uma jovem tão comprometida com seus ideais que desenvolve o costume de fazer sexo com pessoas de ideologias radicais para convertê-las à sua visão.

Deixando de lado qualquer dose de puritanismo, algo muito visto nas produções hollywoodianas, o filme usa o sexo não apenas como elemento de sua história, mas também como desvio cômico para a abordagem romântica.

Arthur e Bahia trazem a tradicional história dos opostos que se atraem, sendo ele judeu e ela de origem palestina. Mas a produção não perde tempo tentando catalogá-los ou recheá-los de estereótipos. Toda a força do filme está no fato dos personagens serem bem desenvolvidos e também por passarem por uma espécie de auto-análise constante. A personalidade do casal é mais importante do que as situações vividas e isso, por mais básico que pareça, é raro no cinema.

Dirigido por Michel Leclerc, que também assina o roteiro ao lado de Baya Kasmi, Os Nomes do Amor aborda temas sérios como holocausto e abuso sexual infantil, e consegue fazer isso sem ser desrespeitoso, ordinário ou simplesmente de mau gosto. A trama é leve a as atuações primam pela simpatia. Não é um filme que irá marcar o espectador ou que terá significado na história da sétima arte. Mas, sem dúvida, é um longa que deixará feliz e até mais otimista a pessoa que o conferir.

Exibido no Festival do Rio 2011, Le Nom des Gens (no original) traz algumas cenas de depoimentos dos personagens principais, algo que é marca das séries Modern Family e The Office, e que foi visto recentemente em Não Sei Como Ela Consegue. Diferentemente do que acontece na comédia estrelada por Sarah Jessica Parker, aqui as entrevistas feitas diretamente para a câmera não são usadas como mero alívio cômico, mas sim para dar seguimento a narrativa.

O filme é dinâmico e simpático, tendo como um de seus principais méritos a fotografia de Vincent Mathias e a trilha sonora de Jérôme Bensoussan e David Euverte. O trabalho de figurino de Mélanie Gautier também se destaca, uma vez que consegue bem captar as personalidades dos personagens através do vestuário ou, no caso de Bahia, da ausência deste.

As situações vistas em Os Nomes do Amor não são nada comuns ou até naturais. Mas quem disse que a vida é assim? Ou que o cinema precisa ser uma representação exata do que acontece em um romance? Veja o filme e aproveite essa divertida e bela história.