Elas voltaram
por Lucas SalgadoFenômeno da cultura pop As Tartarugas Ninja surgiram nos quadrinhos durante os anos 80. Pouco depois, migraram para os desenhos animados, onde alcançaram fama e reconhecimento. Não demorou muito e no início dos anos 90 chegavam ao cinema numa versão com atores com a trilogia As Tartarugas Ninja, As Tartarugas Ninja II - O Segredo do Ooze e As Tartarugas Ninja III. De lá para cá, foram feitas outras versões animadas, com destaque para As Tartarugas Ninja - O Retorno, mas os personagens acabaram caindo um pouco no esquecimento. Até agora...
Responsável pela franquia Transformers, Michael Bay resolveu trazer as criaturas de volta as telas e o resultado nas bilheterias foi ótimo. Apesar de ser produzido por Bay, As Tartarugas Ninja tem como principal mérito o fato de não ser um filme de Michael Bay. Só o fato de possuir pouco mais de uma hora e meia de duração (contra as 700 horas de cada um dos Transformers) já joga a favor do filme. As sequências de ação também são melhor pensadas e menos confusas. Mérito do diretor Jonathan Liebesman (Fúria de Titãs 2) e do diretor de fotografia brasileiro Lula Carvalho (Tropa de Elite 2).
Mesmo com problemas de roteiro e, especialmente, atuação, o longa funciona ao trazer tartarugas realmente interessantes. A dinâmica entre Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatello é incrível e produz cenas muito divertidas. Visualmente, eles também são bem desenvolvidos e convencem bem. Pena que não contem com parceiros humanos tão interessantes.
Megan Fox, que volta a trabalhar com Bay após ser demitida de Transformers, mostra que não evoluiu muito como atriz. É claro que mais uma vez o filme não faz questão nenhuma de retirar dela qualquer coisa que vá além de seu belo corpo, mas também é certo que ela parece pouco se esforçar. Aqui, como na outra franquia, estamos diante de um objeto sexual e não de uma atriz. Isso fica claro quando o filme chega ao ponto de parar uma sequência de ação para dar um close em sua bunda, na típica piada rasteira que Bay adora.
A atriz vive April O'Neil, uma repórter televisiva que nunca ganha grandes pautas, cobrindo apenas eventos leves e desinteressantes. Ela sonha em ser uma jornalista séria e persegue por conta própria informações sobre uma onda de crimes que atinge a cidade. Ao testemunhar um roubo a uma carga no porto, ela descobre a existência de um vigilante na cidade. Pouco depois, descobre que são quatro os vigilantes. E que eles são bem diferentes.
A trama flui razoavelmente bem, mas falha ao não oferecer antagonistas complexos ou mesmo um pouco interessantes. O Destruidor surge em cena sem grandes explicações e não há uma história interessante por trás. William Fichtner surge na figura de antagonista, oferecendo uma atuação caricata, o que não é nada incomum em sua carreira.
Whoopi Goldberg e Will Arnett completam o elenco principal. A primeira surge num papel pouco importante e não compromete. Já Arnett cria o personagem humano mais divertido e interessante da produção. O ator de Arrested Development protagoniza os únicos momentos engraçados que não envolvem as tartarugas.
Trata-se de um filme problemático, mas que cumpre a função de entreter. Ainda que sem muito conteúdo. Com um roteiro um pouquinho melhor e com uma atriz superior a Fox poderia ter sido mais marcante.