Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
Se Beber, Não Case! Parte II

PORRALOUQUICE EM EXCESSO

por Roberto Cunha

Quem integra o time que riu de montão com as loucuras do trio Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis) no primeiro longa de 2009, pode se preparar porque vem mas por aí. Por outro lado, se existe em você algum tipo de filtro para baixarias, que faz com que certas piadas tornem-se indigestas, o riso pode não ficar tão frouxo.

Escrito, produzido e dirigido pelo mesmo Todd Phillips do original, não dá para dizer que ele errou, mas é certo que exagerou. Na nova aventura, após uma divertida introdução, a turma acorda em Bangkok totalmente chapada, com menos um integrante e sem a menor idéia do que aconteceu na véspera de um casamento. Achou igual ao outro? A frase inicial de um deles é emblemática: “Aconteceu de novo”.

Assim, lá vão eles tentar relembrar as últimas horas de suas vidas, como se tivessem apertando o botão “REW” dos gravadores de antigamente. A ideia funciona e é digna de mérito porque impõe um ritmo constante e frenético. E a história simples se segura bem na medida em que libera em doses homeopáticas, porém cavalares, os fatos ocorridos, formando a colcha de retalhos diante do espectador.

O gole a mais foi transformar o que parecia ser um pequeno detalhe fálico, proporcional ao nu frontal de Mr. Chow (Ken Jeong) mostrado no início, numa grande exploração ad nauseam, revelando um claro flerte com o estilo dos irmãos Farrely de fazer cinema, como o recente Passe Livre, que não agrada muita gente. É quando imagens fortes camuflam a fragilidade do roteiro, buscando no bizarro e na escatologia, um jeito curto e grosso de provocar o riso.

Pode (e vai) dar certo, mas se todo mundo sabe “que existem mil maneiras de se fazer Neston”, por que não inventar uma? Se faltou criatividade ou não, sobrou preguiça. E o que se vê são cenas apelativas de macaco fumante e com fixação oral, imagens de crianças consumindo drogas de todas os tipos e - acredite - uma necessidade constante (e broxante) de lembrar que um deles foi vítima da famosa frase "c... de bêbado não tem dono".

Com boas cenas de ação, a curiosidade veio na área musical. Além de uma boa levada só na voz e violão pelo ator Ed Helms, desenterraram dois sucessos diametralmente opostos nos estilos e cantados por figuras igualmente distintas. Um deles foi "I Ran (So Far Away)", new wave britânico do A Flock of Seagulls, nas mãos de uma banda cover tailandesa. E o outro foi o "One Night In Bangkok", hit polêmico na Tailândia por falar mal do Budismo, entre outras coisas. Composto pelo pessoal do ABBA, a música foi cantada (e desafinada) por ninguém menos do que Mike Tyson. Já imaginou o nocaute? 

Quem chegou até aqui e está pronto para encarar o filme, não saia antes dos créditos finais porque fotos pesadas vão “passar a régua” em qualquer dúvida que tenha ficado para trás. É ver parar crer. Se Beber, Não Case! Parte II é um típico caso de quando mais é menos, podendo provocar um certo gosto de ressaca até em quem gostou do primeiro, mas não consegue curtir essa porralouquice em excesso.

Em tempo: antes do filme estrear, os produtores já sinalizaram um terceiro filme. Do jeito que a coisa vai, não seria estranho imaginar o Brasil como próximo destino das maluquices da trupe. Já pensou?